Cinquenta mil ou mais militantes, simpatizantes e cidadãos solidários
juntaram-se, em Lisboa, sábado passado, para marchar pela democracia,
contra a lei dos partidos, contra a violação das liberdades políticas,
contra as claras distorções e as más políticas que o Governo está a
desenvolver.
O PCP, com a sua bandeira desfraldada, com a força que lhe vem da luta que desenvolve, com a legitimidade que resulta da sua ampla implantação nacional, com o impacto que deriva da verdade e rigor das suas posições, veio à rua, juntou muitas dezenas de milhares de portugueses que, livremente, vieram mostrar e demonstrar o seu profundo descontentamento.
Não se tratou de uma reunião restrita de dirigentes, nem de uma iniciativa para quadros mais ou menos conhecidos.
Tratou-se, sim, de um amplo encontro de milhares e milhares de trabalhadores de todas as profissões, de todas as idades, de ambos os sexos. Milhares de cidadãos anónimos, milhares de sindicalistas e de dirigentes associativos, centenas de autarcas, centenas e centenas de pessoas destacadas nas suas comunidades. O PCP, que é um grande e singular partido nacional, teve a coragem de, com esta manifestação, demonstrar essa grandeza e de evidenciar essa singularidade, o que aliás só o engrandece.
Depois de uma dezena e meia de anos em que muitos afirmaram e juraram que o PCP estava mais que morto, a verdade é que não só foi demonstrado que não está, como foi demonstrado que é indispensável para que Portugal retome um caminho de aprofundamento da democracia.
Esta Marcha, embora desvalorizada por alguns, foi um dado esclarecedor e muito importante na situação política actual.
José Decq Motta no Diário Insular em 4 de Março 2008