
Com o memorando de entendimento com a troika, estabelecido pelo anterior governo e subscrito pelo actual, Portugal cedeu na sua soberania orçamental, ficando manietado por tectos sucessivamente mais restritivos do défice público que impedem o País de promover o investimento e o emprego, bloqueando assim decisivamente o que lhe resta da capacidade produtiva instalada.
Pela evolução do actual enquadramento europeu, que, mesmo antes de estar definido, já recolhe a adesão marionética, passiva e antecipada do Primeiro-ministro com bandeira portuguesa à lapela, tudo aponta para que, mesmo sobre o seu tesouro público, Portugal poderá vir a perder o efectivo controlo.
Despojado assim de alavancas fundamentais do desenvolvimento e da sua própria essência enquanto Nação, Portugal vê espezinhada a sua República Constitucional e está a transformar-se de forma acelerada numa colónia de novo tipo, governada pelo eixo franco-alemão.
Obviamente que, numa tal etapa histórica, pouco resta a uma administração colonial de bandeira portuguesa à lapela senão acordar para o próximo futuro, com os embaixadores do império, a aplicação imperativa de “reformas” cujo conteúdo essencial consiste em novos e mais desumanos cortes nas despesas com a saúde e a educação, nova e maior redução no número de activos da administração pública, novas e mais brutais regras de exploração e de redução dos direitos laborais, e, em paralelo, recomendar aos cidadãos supostamente lesados ou descontentes com tais medidas, que emigrem e vão criar riqueza para outras paragens…
Nesta época de elegia à solidariedade, à paz e ao amor, obviamente também, caro leitor, e porque não sou mercado, sou pessoa, e não usufruo das particulares prerrogativas atribuídas pelo mercado e pelo eixo franco/alemão a quem usa bandeira portuguesa à lapela, não consigo escrutinar forma de lhe augurar um Bom Natal sem temer poder cair involuntariamente na hipocrisia de desejar felicidades a mais um (uma) que ficou sem trabalho, sem indemnização ou sem subsídio de desemprego, a mais um (uma) que ficou repentinamente sem ter como sustentar os filhos, a mais um (uma) que deixou de ter dinheiro para comprar medicamentos, a mais um (uma) que perdeu o salário ou a reforma, ou a mais um (uma) que foi aconselhado…a emigrar!
No mesmo sentido, o Presidente do Governo Regional deveria ter sido mais esclarecedor na sua mensagem de Natal porque, ao mencionar contraditoriamente as vantagens da Autonomia e da aliviada situação financeira da Região, em paralelo com a “necessidade de obrigar os açorianos ainda a mais sacrifícios e mais aborrecimentos” para o (s?) próximo (s?) ano, aplicando mais medidas ao nível dos impostos ou dos custos da saúde, deixa uma inquietante interrogação: Os pressupostos políticos subjacentes na sua mensagem são “proteger a Região”, “não prejudicar mais as pessoas” e “recuperar a tranquilidade que merecemos”, ou os da administração colonial de bandeira portuguesa à lapela que, assim que formaram governo há 6 meses, desde logo lavraram um atestado de menoridade à Autonomia dos Açores, e proclamam a sua sobrevivência efémera?
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 22 de dezembro de 2011
Despojado assim de alavancas fundamentais do desenvolvimento e da sua própria essência enquanto Nação, Portugal vê espezinhada a sua República Constitucional e está a transformar-se de forma acelerada numa colónia de novo tipo, governada pelo eixo franco-alemão.
Obviamente que, numa tal etapa histórica, pouco resta a uma administração colonial de bandeira portuguesa à lapela senão acordar para o próximo futuro, com os embaixadores do império, a aplicação imperativa de “reformas” cujo conteúdo essencial consiste em novos e mais desumanos cortes nas despesas com a saúde e a educação, nova e maior redução no número de activos da administração pública, novas e mais brutais regras de exploração e de redução dos direitos laborais, e, em paralelo, recomendar aos cidadãos supostamente lesados ou descontentes com tais medidas, que emigrem e vão criar riqueza para outras paragens…
Nesta época de elegia à solidariedade, à paz e ao amor, obviamente também, caro leitor, e porque não sou mercado, sou pessoa, e não usufruo das particulares prerrogativas atribuídas pelo mercado e pelo eixo franco/alemão a quem usa bandeira portuguesa à lapela, não consigo escrutinar forma de lhe augurar um Bom Natal sem temer poder cair involuntariamente na hipocrisia de desejar felicidades a mais um (uma) que ficou sem trabalho, sem indemnização ou sem subsídio de desemprego, a mais um (uma) que ficou repentinamente sem ter como sustentar os filhos, a mais um (uma) que deixou de ter dinheiro para comprar medicamentos, a mais um (uma) que perdeu o salário ou a reforma, ou a mais um (uma) que foi aconselhado…a emigrar!
No mesmo sentido, o Presidente do Governo Regional deveria ter sido mais esclarecedor na sua mensagem de Natal porque, ao mencionar contraditoriamente as vantagens da Autonomia e da aliviada situação financeira da Região, em paralelo com a “necessidade de obrigar os açorianos ainda a mais sacrifícios e mais aborrecimentos” para o (s?) próximo (s?) ano, aplicando mais medidas ao nível dos impostos ou dos custos da saúde, deixa uma inquietante interrogação: Os pressupostos políticos subjacentes na sua mensagem são “proteger a Região”, “não prejudicar mais as pessoas” e “recuperar a tranquilidade que merecemos”, ou os da administração colonial de bandeira portuguesa à lapela que, assim que formaram governo há 6 meses, desde logo lavraram um atestado de menoridade à Autonomia dos Açores, e proclamam a sua sobrevivência efémera?
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 22 de dezembro de 2011