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Trabalhadoras da Cofaco exigem revisão de acordos da empresa

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cofaco.jpgCerca de 200 trabalhadoras da Cofaco manifestaram-se ontem à porta da fábrica de conservas de peixe da ilha de São Miguel, contra a posição "intransigente" da administração na negociação da revisão dos acordos da empresa.
Exibindo cartazes à entrada da fábrica da vila de Rabo de Peixe em que se podia ler "Trabalhadoras estão em luta, Cofaco escuta" e "Barrigas iguais, subsídio de alimentação igual", as trabalhadoras gritavam palavras de ordem para que lhes seja "garantida a progressão na sua carreira profissional". A Cofaco emprega nos Açores cerca de 600 trabalhadores, a maioria mulheres, distribuídos pelas três fábricas de São Miguel, Pico e Faial, que ontem iniciaram uma greve de quatro dias, face à posição "intransigente da administração nas negociações dos dois acordos de empresa". "Há 17 anos que trabalho na fábrica de Rabo de Peixe e estou sempre na categoria de manipuladora, sem possibilidade de subir, e a ganhar o salário mínimo regional de 423 euros", afirmou à agência Lusa Glória Janeiro, uma das funcionárias. Ao seu lado, uma outra mulher lamentava que o subsídio de refeição que aufere seja "inferior ao das colegas do escritório" e reivindicava "melhores condições de trabalho". "Não nos valorizam, apesar de trabalharmos muito", queixou-se aos jornalistas, exibindo um cartaz com a frase: "Queremos os nossos direitos".
 
Para Vítor Silva, dirigente de um dos sindicatos que convocou a paralisação, a manifestação de hoje [sexta-feira] é uma prova da "insatisfação" dos trabalhadores e um motivo para que a administração da Cofaco "pense e mude a sua política, perante situações que têm que ser corrigidas". O dirigente sindical lembrou que 90% dos trabalhadores da Cofaco são mulheres, "sem possibilidade de progredirem na sua carreira profissional há muitos anos, não recebem formação profissional e vêem-se confrontados com diferenças" entre o subsídio de alimentação que lhes é pago e aquele que auferem os trabalhadores do escritório. "Esta é uma greve e manifestação da mais elementar justiça", afirmou Vítor Silva aos jornalistas, admitindo a hipótese de se realizarem novas paralisações e o recurso aos tribunais, caso a administração da Cofaco não demonstre disponibilidade em negociar e em encontrar soluções para os problemas laborais. Segundo disse, se existir disponibilidade da empresa em sentar-se à mesa das negociações, o sindicato está também para isto, mas, caso contrário, a luta vai continuar.
 
A administração da Cofaco já considerou "despropositada, injusta e imerecida" a greve convocada por dois sindicatos. Num comunicado enviado quinta-feira à agência Lusa, a administração adiantou que este ano "os ordenados foram aumentados, muito acima das revisões salariais da função pública, que se situaram nos 2%". Além disso, a administração da empresa garante que o subsídio de alimentação pago aos funcionários é superior ao praticado pelas suas congéneres do Continente. A greve foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio Escritórios e Serviços dos Açores (SABCES-Açores) e Sindicato dos trabalhadores Agro-alimentares e Hotelaria da Região Autónoma dos Açores (SINTABA/Açores). De acordo com o dirigente sindical Vítor Silva, na fábrica de Rabo de Peixe a paralisação situa-se nos 97%, no Pico nos 87% e no Faial nos 65%.