Faz hoje oito dias afirmei que não acreditava que a questão da Lei de Finanças Regionais provocasse uma crise política, que levasse à demissão do Governo. De facto a Lei proposta pela Madeira foi aprovada, embora com muitas e profundas alterações, sempre com a oposição do PS, mas o Governo não caiu.
Vimos, na semana passada, o Ministro das Finanças “deitar gasolina na fogueira” ao insinuar uma possível demissão e vimos a mesma figura a dizer que tudo fará para não cumprir a Lei de Finanças Regionais, caso fosse, como foi, aprovada. Vimos o Conselho de Estado a recomendar “serenidade”, muito embora aquele que achou a reunião “muito boa” tivesse sido o primeiro a continuar a agir sem essa serenidade. Vimos um Comissário de Durão Barroso vir meter no mesmo saco a situação de Portugal e da Grécia. Vimos um cavalheiro do FMI vir dizer que, em Portugal, será preciso descer (ainda mais) os salários. Ouvimos as agora muito faladas empresas de “rating” “deitar abaixo “ a nossa economia e desvalorizar as suas potencialidades. Vimos espantosas e ridículas figuras feitas por Deputados, nomeadamente do PS. Vimos tudo isso e ficamos espantados com tanto manobrismo inconsequente e prejudicial para o País.
Mas, infelizmente, vimos muito mais e muito mais grave. Estou a referir-me aos despachos judiciais divulgados pelo semanário “Sol” e que têm que deixar qualquer um de nós revoltado, em consequência do profundo significado político antidemocrático do que lá vem descrito. Sobre esta matéria darei opinião detalhada em próximo artigo.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado no jornal "Diário Insular", na sua edição do dia 9 de Fevereiro de 2010