Notas sobre a loucura reinante

José Decq MotaArtigo de opinião de José Decq Mota:

Ocenário político nacional está recheado de atitudes que, vistas de um ponto de vista sério e democrático, só podem ser classificados de loucuras ou insanidades próprias de quem se sente totalmente seguro da implantação da ideologia ultra reaccionária e anti-democrática que suporta e sustenta a globalização capitalista em curso.

Reportando-me aos últimos dias quero registar três dessas atitudes loucas, sobranceiras e dominadoras.

 

A primeira dessas atitudes insanas é o elogio público, feito pelo 1º ministro, a Dias Loureiro, um dos responsáveis do caso BPN, antigo conselheiro de estado que desertou com rapidez e que é agora apresentado como empresário de sucesso e exemplo a copiar! Assim se vê o desprezo do 1º ministro por tudo o que seja transparência na actividade económica e seriedade pessoal dos intervenientes nos grandes grupos económicos e financeiros. Para ele, 1º ministro, vale tudo!

A segunda atitude insana que quero referir, e é também destes dias, refere-se à proposta do PSD para que as análises económicas e propostas do PS (e por acréscimo de outros partidos) sejam “submetidas à análise do Conselho Superior de Finanças Publicas e do Organismo de Apoio à Execução Orçamental da AR” que deveriam opinar se tais análises e propostas “são aceitáveis”. Tem que se dizer que esta proposta de loucos é uma proposta de natureza claramente fascista, pois atribui o poder de selecção, não a quem é soberano, o Povo, mas sim a organismos nomeados e de “vocação dita técnica”. Com “propostas” destas visa-se, de modo absurdo, consagrar e tornar irreversível o domínio político e ideológico que enquadra a situação actual.

A terceira atitude insana destes dias foi a revelação de que o governo pretende vender ou “privatizar”, para ser “moderno”, o Oceanário de Lisboa, noticia logo acrescida da informação de que um dos maiores e mais ascendentes capitalistas portugueses estaria “profundamente interessado” em adquirir aquela estrutura pública. Isto significa que, nestas cabeças loucas, para além do domínio financeiro e económico, há que passar para essas mesmas mãos de domínio o património colectivo de natureza cultural, científico e lúdico!

Estes exemplos dão para perceber que correr com estes tipos e com estas políticas do poder constitui uma verdadeira e urgente necessidade nacional!

Canto do Capelo, 2 de Maio de 2015

José Decq Mota