Ano velho no fim – Ano novo à vista

jose_decq_motta.jpg1. Terminamos o ano, aqui no Faial, com a preocupação presente de se saber, se sim ou não, o navio “Canadian Pacific Valour” vai ser retirado da Baía da Fajã. A preocupação instalou-se, desde a primeira hora, na nossa comunidade por se saber que a eventual destruição do navio e carga naquele local pode ter custos ambientais pesadíssimos e gravíssimos.
O tempo, estável desde o dia 12/12, fez criar a esperança de que as operações de salvamento possam ser bem sucedidas, nomeadamente no que toca à trasfega de combustível e à remoção de contentores, especialmente aqueles que tem carga perigosa. É visível que as Autoridades competentes tem agido e que o armador do navio encalhado tem actuado no sentido de assumir as responsabilidades que as leis lhe atribuem. Espero sinceramente que dure mais uns dias a “trégua” que o tempo tem feito. Se assim for poder-se-ão evitar males bem sérios.
 
2. O ano de 2005 ficará na história da ilha do Faial como sendo o ano em que, pela primeira vez, o partido que ganhou a Câmara não obteve maioria absoluta de mandatos.
 
3. Consequentemente 2005 será lembrado como sendo o ano em que duas formações políticas (PS e CDU) se tiveram que entender para criar uma perspectiva de estabilidade governativa municipal. O ano de 2005 termina assim com o facto muito inovador dos vereadores executivos da Câmara serem das duas forças políticas mencionadas e de desenvolverem as respectivas actividades num quadro de princípios que foram expressa e publicamente assumidos de forma prévia. O ano de 2005 ficará na história do nosso Município como sendo o ano do início de uma gestão municipal partilhada efectivada, verdadeiramente, por aquilo a que se pode e deve chamar de maioria municipal plural. Para trás ficam muitos anos de maiorias absolutas unipartidárias. Para a frente fica um vasto campo de acção e de trabalho de valorização municipal que será desenvolvido com grande vontade de acertar.
 
4. O ano de 2006, que está à porta, será, do ponto de vista das finanças públicas, designadamente municipais, um ano de “vacas magras”. Desde logo houve cortes no Orçamento de Estado cortes esses que se reflectirão nas receitas a orçamentar pelos Municípios, mas há a registar também que os fundos do Quadro Comunitário de Apoio estão praticamente esgotados, pelo que as inscrições orçamentais a fazer na receita dirão, de facto, respeito a programas cuja execução financeira está atrasada. O desafio que se coloca aos Municípios é do saberem ter uma actividade municipal séria e útil num ano que, inevitavelmente, será de poucas obras. Menos receita aliada a restrições quase totais ao endividamento tem como consequência, reduzir-se nos investimentos vultuosos. No entanto muito há a fazer e muito pode ser iniciado no próximo ano. Meramente a título de exemplo gostaria de referir que questões como, o início do estudo para o Pavilhão Multiusos, as acções conducentes à redução apoiada do contingente de táxis, a melhoria da limpeza e arranjo dos espaços urbanos e das zonas de lazer, o aprofundamento de uma política cultural e desportiva consequente, a intensificação de recolha selectiva de resíduos, o arranque do concurso para o aterro sanitário, a finalização da preparação do grande projecto de tratamento de águas residuais, são, de entre outros, questões que podem evoluir em 2006. Espera-se legitimamente que 2007, com novo QCA, seja um ano de mais funda execução. Aqui estamos para lutar por isso.
 
5. Queria, neste meu último artigo de 2005, deixar registado nesta prestigiadas páginas do “Tribuna das Ilhas” um voto muito sincero de Boas Festas extensivo a todos os leitores do jornal, mas envolvendo, com amizade e admiração, todos os que o produzem com esta regularidade semanal. O “Tribuna das Ilhas” é a prova provada que um semanário pode ser um bom jornal; que um semanário pode ser feito no Faial; que no Faial se pode fazer um muito bom jornal. Que 2006 seja um Bom Ano para todos e um Bom Ano para o “Tribuna das Ilhas” jornal faialense indispensável, é o voto que aqui deixo
 
José Decq Mota no “Tribuna das Ilhas”