“Portugal não tem partidos de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem pra roubar juntos”. É frequente encontrar esta citação, atribuída ao escritor José Saramago, seja nas redes sociais, seja nas manifestações dos lesados do BES, ou nas bocas de muita gente.
Ora como foi denunciado este mês pelo insuspeito Polígrafo da rede SAPO, isto é falso. A frase deveria referir-se ao Brasil e pertence a um brasileiro Diogo Mainardi, que até escreve o “pra” em vez do “para”, coisa que dificilmente Saramago faria…
Mas a questão é mais profunda. Se Saramago alguma vez tivesse dito isto, estaria a ser profundamente demagógico e desonesto a começar por si mesmo enquanto ativo militante de esquerda, inclusivamente com vínculo partidário. Quem utiliza esta frase em seu nome, por ignorância ou malvadez, pretende com isso proclamar levianamente ou com objetivos inconfessados, sempre em tom depreciativo, os seus derivados mais comuns: “Os partidos são todos iguais” ou “os políticos são todos iguais”. Desta forma, não poucas vezes intencionalmente, se vai cavando um fosso absurdo e perigoso entre políticos e partidos para um lado, e cidadãos (pressupostamente) sem partido e sem motivações ou interesses políticos, para outro…