
O PCP Açores reafirma a importância da Greve Geral do passado dia 22 de março e saúda todos os trabalhadores que participaram de forma ativa nesta jornada de luta, saúda todo os cidadãos que não se ajoelham perante o abuso do poder, da prepotência e dos pregadores do medo, do conformismo e da submissão.
A Greve Geral foi uma resposta daqueles que não admitem ficar subjugados às imposições das oligarquias política, económica e financeira que, em conluio, têm governado o País e a Região em seu exclusivo proveito.
A Greve Geral foi uma resposta dos que não admitem cruzar os braços perante os que cinicamente apontam como solução o caminho da servidão e da exploração sem limites.
Uma resposta dos que não aceitam como uma fatalidade, como uma inevitabilidade esta política de severa austeridade, de degradação das condições de vida do povo e de destruição e ruína do País.
A resposta daqueles a quem custou muito um dia de salário, mas não vacilaram porque era preciso defender um património de direitos conquistados por gerações passadas e impedir que confisquem o presente e o futuro das novas gerações.
Uma greve geral que foi uma resposta dos que não se rendem e não deixam morrer a esperança da luta por uma alternativa com futuro. Daqueles que, apesar de esmagados pelo peso das dificuldades de uma vida dura, se levantam e lutam porque sabem que nesta batalha que travamos perder a coragem é perder tudo!
A luta nos Açores tem razões acrescidas para ser travada. A luta nos Açores é em defesa do adquirido autonómico, a luta nos Açores é em defesa do acervo e das competências que o Estatuto e a Constituição nos conferem e contra qualquer tentativa de retrocesso.
A luta nos Açores é contra o encerramento dos serviços públicos que dependem da República e o seu consequente afastamento dos cidadãos, sejam repartições de Finanças ou os Tribunais.
A luta nos Açores é, como no restante território nacional, contra uma reforma administrativa cega e economicista que, tal como, o encerramento de serviços públicos, dependentes da Região ou da República, só têm contribuído para o aumento da desertificação e para aprofundar assimetrias no desenvolvimento, na coesão territorial, social e económica.
2. Os efeitos das políticas de austeridade e a recessão
O Boletim do Banco de Portugal é claro. A recessão não só será mais perniciosa em 2012 como se irá dilatar no tempo estendendo-se para lá deste ano, ao contrário do que Passos Coelho e Paulo Portas têm vindo a apregoar.
A receita aplicada pelo governo do PSD/CDS, agentes ativos do neoliberalismo ao serviço das oligarquias financeiras e económicas e do diretório político da União Europeia, para quem dúvidas tivesse, falhou.
A demonstrar este rotundo fracasso das políticas de austeridade que penalizam os trabalhadores, os pequenos e médios empresários, que empobrecem as famílias e encaminham a Região e o País para o colapso social e económico, a demonstrar a falência deste rumo e destas políticas que aprofundam as desigualdades e concentram a riqueza, a comprová-lo estão aí os primeiros dados da execução orçamental de 2012, publicados pelo Ministério das Finanças.
Em janeiro e fevereiro de 2012 as receitas fiscais caíram significativamente, ou seja, as medidas de redução de despesa são contrariadas pela quebra na receita fiscal e pela diminuição das contribuições para a segurança social.
Em janeiro e fevereiro na Região a cobrança do IRS diminuiu 2,5%, a cobrança de IVA diminuiu 12,3% e as contribuições para a Segurança Social registaram uma diminuição de 25%.
Fácil é concluir que esta quebra nas receitas do IRS e nas contribuições para a Segurança Social resultam diretamente da redução do valor nominal dos salários e do aumento do desemprego, por outro lado a quebra na receita cobrada por via do IVA traduz um decréscimo do consumo, motivado pela falta de rendimento disponível das famílias e significa que a economia regional se afunda num oceano de dificuldades o que nada contribui para a manutenção do emprego ou, para a sua criação.
Para o PCP Açores estas evidências, paralisação da atividade económica, destruição de emprego e redução do rendimento têm ainda um outro efeito, ou seja, a redução da receita aumenta a necessidade do Estado e da Região se financiarem a crédito tendo como consequência o aumento da dívida pública.
A necessidade de um novo rumo político e de um novo paradigma de desenvolvimento para a Região e para o País é para o PCP Açores um imperativo patriótico que não se compagina com a submissão aos ditames da agressão estrangeira.
3. A situação pré eleitoral
A estratégia politica e eleitoral do PCP e da CDU Açores não se funda, nem vai alinhar ao lado das promessas vãs e no populismo demagógico que já inundam o espaço público regional.
O PCP Açores considera que o histerismo político pré eleitoral protagonizado pelo PS, pelo PSD e pelo CDS/PP só contribuem para a descredibilização do ato eleitoral de outubro e da atividade política e, reitera a necessidade de que a Dra. Berta Cabral e o Dr. Vasco Cordeiro, uma vez que se dedicam em exclusivo a atividades pré-eleitorais, abandonem os cargos executivos de que são detentores.
O PCP Açores, sem descurar a preparação das eleições e a construção do Programa que submeterá a sufrágio, continuará a afirmar-se com a sua intervenção e propositura política e, apela ao bom senso dos restantes partidos para que canalizem as suas energias na procura de soluções para resolver no imediato o drama dos desempregados, o drama dos jovens com o sonho adiado, o drama das famílias que se confrontam com dificuldades em cumprir com os compromissos assumidos e com o drama dos pequenos e médios empresários que a cada dia que passa são confrontados com mais e maiores dificuldades para manterem a sua atividade.
O emprego sustentável e com direitos, a revitalização e diversificação do setor produtivo, o aumento do poder de compra das famílias, a dinamização do comércio interno, o investimento público como motor da economia das nossas ilhas, a inovação, um sistema de transportes integrado, eficaz, acessível e de qualidade que seja o suporte de um mercado interno dinâmico e uma porta aberta ao exterior, estas são e têm sido algumas das propostas que o PCP Açores tem vindo a fazer para inverter o rumo ruinoso para onde nos conduziram.
A dramática situação social e económica que vivemos necessita de medidas conjunturais e estruturais que invertam o crescimento do desemprego, dinamizem a atividade económica e reduzam a dependência externa e não de anúncios e promessas para depois de outubro. Agora é que é o tempo de concretizar o “paraíso” anunciado para depois de 2012.
Ponta Delgada, 2 de abril de 2012
Secretariado da DORAA do PCP