Os desenvolvimentos recentes que assolam as escolas da região, e que voltam a fazer mossa na política educativa do governo regional de César, constituem-se como mais um episódio pouco dignificante, diria até menos sério, da acção mais ou menos governativa da responsável pela Secretaria Regional da Educação e Formação, o que, em bom abono da verdade, não constitui novidade assinalável, ainda que infelizmente, pelas piores razões.
Pese embora os acordos firmados em sede de negociação com as organizações sindicais, nomeadamente com a estrutura mais representativa dos professores nos Açores, o SPRA, a secretária regional da Educação parece não ter gosto em cumprir, e fazer cumprir, os documentos que, de forma consciente assina, bem à imagem dos procedimentos caucionados dos seus apaziguados responsáveis continentais da 5 de Outubro.
Apesar de poder, e ter a obrigação de fazer melhor, Lina Mendes parece optar pelo confronto, renegando o diálogo e a negociação com aqueles que, de uma forma clara e frontal, defendem a escola pública com todas as suas forças, dando provas da sua posição, de cada vez que se manifestam intransigentes na defesa dos seus direitos, pois essa defesa será também sinónimo de uma escola pública mais solidária e construtiva, mais aberta à comunidade, mais motivada e esclarecida. Mais uma vez, a Carreira dos Cavalos, parece não querer isso, mas terá que arcar com as consequências, pois a luta será o caminho que os professores irão enveredar, se entretanto não for reposta a legalidade que se exige.
Desde a tomada de posse da (ainda) secretária regional da Educação, Lina Mendes, a pouca estabilidade que existia no parque escolar açoriano tem, tendencialmente, vindo a desaparecer. E esta situação não se verifica por culpa dos docentes ou dos alunos, mas sim porque, consecutivamente, temos assistido a alterações que deterioram a escola como ela deve ser, isto é, um espaço ao serviço dos alunos, colocando no centro das preocupações as suas aprendizagens, a sua construção integral como cidadãos, e não, como assistimos novamente, a questiúnculas originadas pela SREF que, em último caso, chegarão a vias judiciais, por culpa de quem não honra os compromissos assumidos. Também aqui, as imitações em relação ao governo da República, parecem ser cada vez mais.
Os professores, nos dias que correm, andam desmotivados. E não obstante o verde, o cheiro a terra e a beleza natural que representa cada pedaço do arquipélago, a desmotivação é cada vez maior, aumentando à medida que cresce a energia e a vontade de erradicar as injustiças que a cada dia se avolumam, sejam elas a falta de pagamento da itinerância aos professores que, com o seu próprio carro, asseguram esse serviço, as alterações aos horários dos docentes do 1.ºceb, da Educação Especial e dos educadores, ignorando o inscrito no ECD regional, a não equiparação da carreira docente à carreira técnica superior da Administração Pública, o processo avaliativo regional e os seus aspectos mais gravosos, a falta de condições de trabalho. E estamos apenas em Outubro, no início do ano lectivo, ainda bem a tempo de vermos a SREF corrigir as malfeitorias que, à força, tenta implementar.
Artigo de opinião de Fernando Marta, publicado no blog http://umapalavraparaoprogresso.blogspot.com/