Dentro de poucos dias termina o ano de 2011 e inicia-se aquele que se segue nesta marcha infinita que é o tempo. Termina um ano a muitos títulos mau, numa época em que domina quem quer acentuar desmedidamente a exploração dos seus semelhantes. Termina um ano de ataque feroz aos direitos de quem trabalha e de quem vive de rendimentos do trabalho, por conta de outrem ou por conta própria. Termina um ano em que, em Portugal e na Europa, foram dados passos terríveis no sentido de tentar anular muitos aspectos das transformações sociais positivas que foram construídas no século XX.
As perspectivas políticas, económicas e sociais para 2012 não são boas. Tudo indica que a ofensiva em curso vai continuar. Tudo indica que a brutal manipulação financeira do grande capital internacional vai continuar a dominar e a determinar as decisões dos dirigentes políticos que se assumem como protagonistas de uma “nova ordem” retrógrada, destruidora das conquistas que se alcançaram e desfasada das possibilidades de hoje. Tudo indica que o fim de 2011 não será o fim desta tentativa brutal de procurar que a História ande para trás.
O fim destas políticas de destruição que estão em curso só ficará à vista quando a determinação dos Povos gerar força transformadora suficiente. Estou convicto que esse complexo processo de transformação do descontentamento em força transformadora, não só já teve o seu começo, como já está mesmo num patamar significativo. É entretanto urgente que se generalize a consciência colectiva de que são possíveis mudanças, desmontando o mito de que tudo o que se está a passar é “inevitável”.
Que a passagem de um ano para outro seja marcada pelo reforço da nossa determinação em resistir e transformar, num sentido justo, a triste realidade que nos estão a impor, é o voto que aqui deixo.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 26 de dezembro de 2011