Artigo de opinião de José Decq Mota
Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, escolheram o dia 25 de Abril de 2015 para virem anunciar ao País a intenção do PSD e do CDS/PP se apresentarem coligados às eleições legislativas de Outubro. Isto é, escolheram o dia dos 41 anos da Revolução de Abril para virem dizer que querem continuar, mais quatro anos, a enfraquecer, desmantelar e anular tudo aquilo de essencial que o 25 de Abril trouxe e propiciou!
Uns dias antes deste anúncio vieram dizer que é preciso cortar mais 680 milhões às pensões e que é preciso continuar a governar contra a Constituição e a desenvolver uma austeridade violentadora de tudo.
Pretendendo fazer passar-se por “defensores de Abril”, estes líderes da direita nacional, que aplicam, com cegueira e total servilismo, os dogmas de domínio prevalecentes na União Europeia, desenvolveram hoje uma atuação política profundamente hipócrita e de muito mau gosto!
Soube-se ontem que Deputados do PS, PSD e CDS, tinham chegado a acordo sobre um ante projecto de lei que pretendia regular as coberturas informativas das campanhas eleitorais, em termos tais que poderia ficar comprometida a própria liberdade de informação. Estiveram esses três partidos a negociar e tudo indicava que essa proposta tripartidária ia dar entrada, quando se teve conhecimento de um veemente protesto de muitos diretores de Órgãos de Comunicação Social.
O ante projeto acabou por ser deitado fora, com os seus autores a assobiar para o lado, pois tratava-se de uma peça muito má e de afrontamento à democracia, mas quando se vê o PS, o PSD e o CDS a admitirem legislar nesse sentido, não podemos deixar de pensar, em relação ao futuro, que este episódio é um mau prenúncio!
Fui ouvindo, por estes dias, a explicações sobre o “cenário macro económico” traçado pelo PS, para os próximos anos. Fico com a sensação clara que se trata da intenção de manter a mesma política, apenas com variações de grau. Nada ouvi sobre reestruturação da divida, nada ouvi sobre a necessidade de se rever o tratado orçamental e percebi que em 2019 o PS quer um ter um défice de 0,8%. Esta anunciada política económica, confirma as suspeitas fundadas daqueles que não acreditam que o PS queira ir ao fundo das questões.
À política vigente há que contrapor verdadeiras alternativas que, necessariamente, exigem mudanças nos enquadramentos. Ver o PS alheio a essas necessidades de mudança no enquadramento, não sendo para mim surpresa, é na mesma um mau sinal!
Horta 25 de Abril de 2015
José Decq Mota