A proposta do PCP para incentivar o consumo de peixe dos Açores nas cantinas escolares da Região foi hoje rejeitada no Parlamento Regional, apenas com os votos contra do PS. Na sua intervenção, na abertura do debate, o Deputado Aníbal Pires considerou que esta medida seria muito positiva no campo nutricional, pedagógico e também para a economia dos Açores.
O Deputado do PCP afirmou: "Propomos um investimento na saúde das gerações futuras, um estímulo ao sector da pesca e da transformação, criando um círculo virtuoso económico local. Propomos que se olhe para a frente, que se pense no futuro dos nossos jovens."
INTERVENÇÃO DO DEPUTADO ANÍBAL PIRES
SOBRE A PROPOSTA DO PCP PARA INCENTIVAR O CONSUMO
DE PEIXE DOS AÇORES NAS CANTINAS ESCOLARES
16 de Setembro de 2015
Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo Regional,
Senhora e Senhores Membros do Governo,
A proposta que o PCP hoje aqui traz não é uma proposta complicada e assenta em dois objectivos principais, que são efectivamente estratégicos para a Região:
Por um lado, contribuir para a promoção de estilos de vida saudáveis e escolhas alimentares correctas, junto dos alunos das nossas escolas, oferecendo-lhes a possibilidade de consumir mais frequentemente peixe local de qualidade, com benefícios directos para a Região, em termos de saúde das novas gerações, mas contribuindo também para a luta contra a obesidade, em especial entre os jovens, onde se tem revelado um problema muito grave.
E por outro, contribuir para valorizar o nosso pescado local, abrindo-lhe mais uma possibilidade de escoamento e formando uma nova geração de “clientes” do bom peixe dos Açores, com evidentes benefícios económicos locais.
O que pretendemos é que seja mais frequentemente servido nas nossas cantinas escolares um produto de qualidade, cujo preço muitas vezes não consegue naturalmente competir com outros formatos de peixe congelado, importado de paragens longínquas, comercializado em massa, a baixo preço, mas a baixa, às vezes baixíssima qualidade.
Assim, impõem-se um reforço das verbas, para que as escolas possam fazer a opção pelo peixe local. A opção que pode não ser sempre a mais barata, mas que é a mais razoável em termos económicos, levando em conta a relação qualidade / preço e a que mais vantagens traz para a Região no seu conjunto.
E esta questão da qualidade do peixe que é servido nas cantinas não pode ser subestimada. A tal reacção negativa dos alunos, quando lhes é servido peixe nas cantinas, de que fala o Senhor Secretário Regional da Educação, tem justamente a ver com isto. E compreende-se: Se me servirem perca do nilo congelada ou filetes de maruca recozida, também eu terei uma reacção negativa!
Se pensamos que o peixe é uma parte importante de uma nutrição saudável e se queremos ensinar às nossas crianças e jovens a gostarem de peixe, temos de lhe servir peixe que preste, peixe de qualidade, peixe dos Açores.
Depois, referindo-me ainda às dificuldades logísticas que a preparação de pratos de peixe pode implicar para as cantinas escolares, quero dizer: Haja razoabilidade! Haja bom senso!
É claro que não vamos servir postas de congro cheias de espinhas a crianças de 7 anos! Naturalmente que competirá às Escolas adequar os menus às camadas etárias a quem se destinam e gerir os recursos de que dispõem. Ora, o que queremos é justamente aumentar-lhes os recursos para que o passam fazer.
E, na verdade, já existem iniciativas empresariais nos Açores que fazem, por exemplo, filetagem e congelação de peixe açoriano. E com este programa poderemos estar a contribuir para que surjam outras, valorizando o nosso produto, gerando riqueza, criando emprego.
Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo Regional,
Senhora e Senhores Membros do Governo,
Importa também assinalar uma questão de contexto em relação à qualidade das refeições escolares:
A privatização das cantinas resultou, por toda a Região, numa redução generalizada da qualidade das refeições servidas aos nossos alunos.
Enquanto antes, as refeições eram planeadas e confeccionadas por funcionários das escolas, procurando que fossem o melhor possível, dentro dos limites orçamentais a que estavam sujeitos, actualmente são planeadas e executadas por empresas privadas, procurando que sejam o mais barato possível, de forma a maximizar o seu lucro. Esta inversão do paradigma teve os resultados óbvios e esperados.
Para que o orçamento regional poupasse, sacrificou-se os alunos e a qualidade das suas refeições. Mas, mesmo assim, é duvidoso que no médio prazo exista qualquer poupança, se levarmos em conta, por exemplo o prejuízo para a saúde infantil que se repercutirá no futuro, dentro da lógica da medicina preventiva.
Estamos convencidos que esta opção pela privatização, fruto dos dogmas da moda, a prazo será sempre pior, mais cara e com consequências sérias para a Região e para a saúde dos Açorianos. Pensamos que essa política tem de ser invertida e que as cantinas escolares devem voltar a estar sob gestão directa dos Conselhos Executivos.
Senhora Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhor Presidente do Governo Regional,
Senhora e Senhores Membros do Governo,
O aumento da qualidade nutricional, mas também pedagógica, das refeições que servimos nas nossas escolas é uma questão que não pode ser subestimada. Propomos um investimento na saúde das gerações futuras, um estímulo ao sector da pesca e da transformação, criando um círculo virtuoso económico local. Propomos que se olhe para a frente, que se pense no futuro dos nossos jovens.
Disse.
O Deputado do PCP Açores
Aníbal Pires