Terá este governo regional de direita do PSD, CDS-PP e PPM as condições para continuar a governar a Região? É uma pergunta que desde há muito os açorianos têm vindo a colocar-se, mesmo quando era o apoio parlamentar do Chega, do ex-deputado do Chega e da IL o que de alguma forma garantia a sua sobrevivência. O que se passou durante o dia de ontem, com a retirada desse apoio parlamentar e o rasgar de acordo por parte da Iniciativa Liberal e do ex- deputado do Chega, é só mais uma agitação de um mar que nunca foi calmo. Porque, na realidade, este governo nunca foi estável, apesar do que o próprio muitas vezes afirmou e alguns defenderam como foi o caso do senhor Representante da República. Os açorianos há muito se aperceberam disto, desesperando para que sejam dadas respostas ao aumento do custo de vida, da habitação, da energia e dos combustíveis. Nas empresas e à porta dos seus locais de trabalho lutam para obterem os indispensáveis aumentos salariais, defendem o setor produtivo e transformador da Região, manifestam-se contra o aumento das desigualdades entre ilhas e açorianos e exigem que se ponha fim à precariedade e à exploração. À porta das escolas, os pais exigem mais assistentes operacionais. As populações reclamam médicos de família e mais consultas de especialistas, centros de saúde com condições. Multiplicam-se as manifestações de descontentamento no setor da cultura: a concentração à porta do Teatro Micaelense e a defesa do Miramar bem esclarecem que os açorianos não estão dispostos a abrirem mão dos seus direitos também neste campo.
É esta contestação, que cresce todos os dias e em todas as ilhas face à inércia deste governo e à confusão instalada pelo mesmo, que cria mal-estar e divide, e explica a agitação de quem quer manter-se e sobreviver politicamente. A situação criada corresponde a um grito de sobrevivência destes dois deputados, que necessitam desesperadamente de se desmarcar do pântano criado com a sua própria conivência, e que tentam agora sair dele antes que a fatura lhes venha a ser cara numas próximas eleições. Mas, no essencial, estes dois deputados estiveram e estão de acordo com a política deste governo que governa para uma minoria contra a maioria dos açorianos. Antes do avolumar-se do descontentamento geral, nunca deram sinais de se preocuparem com uma política que não dá resposta aos problemas das populações, que ignora os trabalhadores quando estes se veem confrontados com dificuldades que se agravam de dia para dia porque, de facto, empobrecem a trabalhar. Pelo contrário, alicerçaram e sustiveram este Governo quando este abandonava à sua sorte o Serviço Regional de Saúde, a educação e a cultura, e tanto quanto o Governo fomentaram uma política de baixos salários, precariedade, exploração.
Num governo que desde o início antepôs os interesses de pouco aos da Região, qual é o espanto se o princípio do “salve-se quem puder” prevalece agora em detrimento de uma estabilidade que nunca existiu?
O que é necessário é uma mudança que rompa com a política que nas últimas décadas PSD e PS, com ou sem outros partidos, têm implementado na Região. Esta mudança passa necessariamente pelo reforço da CDU. Só assim será possível assegurar estabilidade à vida dos açorianos, defendendo concretamente o seu direito a viverem melhor na sua terra.
Secretariado da DORAA do PCP