Cumprindo o dever que incumbe a todos os Deputados de aprofundarem o seu conhecimento da realidade da Região, o Deputado Aníbal Pires, terminou com a visita às Flores e ao Corvo, realizada entre 17 e 21 de Agosto, um périplo que o levou, desde Dezembro passado, a percorrer todas as ilhas dos Açores, contactando com dezenas de instituições locais, organismos do estado, associações cooperativas, desportivas e culturais, bem como com a população em geral.
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Esta actividade dá corpo à forma como a CDU encara o exercício dos cargos políticos: em estreita ligação com os cidadãos e os seus problemas, dando-lhes voz no Parlamento Regional e contribuindo para a sua solução, de forma informada e consciente.
Sobre as preocupações e problemas levantadas durante a visita à ilha das Flores, destacam-se as seguintes:
Em primeiro lugar, a construção e iminente inauguração de um novo Hotel na ilha das Flores afigura-se, como antes afirmámos, não só como despropositada, como mesmo prejudicial para o sector da hotelaria florentina.
De facto, não existe qualquer justificação para a criação deste novo equipamento, uma vez que a oferta existente era perfeitamente suficiente para garantir o desenvolvimento turístico da ilha, que como se sabe é também das que mais sofre com a sazonalidade da procura.
Coloca-se assim, a pergunta: a quem serve a construção deste novo hotel? Destinar-se-à apenas ao alojamento de membros do Governo e Deputados aquando das suas raras deslocações à ilha das Flores?
O
PCP Açores considera que os milhões de Euros gastos neste novo
“elefante branco” teriam sido melhor empregues em parcerias com as
unidades hoteleiras locais, no sentido de melhorar a sua qualidade e o
serviço que prestam, em vez de ir criar um novo hotel que poderá
ameaçar a sobrevivência dos existente, pondo também em perigo alguns
postos de trabalho.
Para além do problema de dimensão regional que é o transporte marítimo
de passageiros, que continuam a dificultar a entrada e saída de
visitantes e dos próprios florentinos, revelam-se de especial gravidade
os problemas sentidos nos transportes de mercadorias. Os circuitos
praticados pelas transportadoras revelam-se desajustados e existem
irregularidades na frequência dos navios, mas mais grave ainda,
verificam-se problemas sérios com a segurança e manuseio da carga, que
têm causado importantes prejuízos a empresas e particulares. O PCP
Açores exige que o Governo faça cumprir integralmente as obrigações no
contrato de serviço público de transporte de mercadorias, assegurando
não só a necessária frequência, bem como a qualidade no serviço
prestado.
Do ponto de vista dos sectores produtivos, algumas obras e equipamentos, apesar de terem sido há muito prometidos, continuam por concretizar. A solução das carências que ainda existem em termos de caminhos agrícolas ou de penetração, a ampliação e modernização da fábrica de lacticínios, bem como a tantas vezes anunciada e prometida, ampliação do matadouro e criação da sala de desmancha, são fundamentais para o desenvolvimento da agricultura florentina.
No campo do ambiente, continua por resolver a gravíssima situação das lixeiras a céu aberto, sem que o Governo tenha apresentado ainda uma solução credível para o problema. Apesar dos muitos anúncios propagandísticos por parte do Governo, a verdade é que ainda nada foi feito.
Ainda no campo ambiental, agudizam-se os problemas com espécies animais e vegetais infestantes, sem que se vislumbre qualquer intervenção eficaz e planificada por parte do Governo Regional, no sentido de apoiar o seu combate.
No plano desportivo, existem também algumas lacunas em termos de equipamentos, como, por exemplo, no concelho das Lajes, onde a falta de uma pista apropriada impede o desenvolvimento das corridas de patins, que são uma modalidade com importantes tradições na Vila das Lajes.
Outra situação de especial importância diz respeito aos problemas
vividos pela Associação de Municípios da Ilha das Flores. PS e PSD
tentam empurrar de um para o outro as responsabilidades, mas a
realidade é que são ambos os únicos culpados da actual situação. O PCP
Açores defende que as Câmaras Municipais de Lajes e de Santa Cruz têm
de chegar a um acordo para sanear a grave situação financeira da
Associação, que é uma instituição válida, pertença de todos os
florentinos e que deve ser defendida. O PCP Açores assume-se
frontalmente contra qualquer tentativa que leve à sua extinção.
Em relação à ilha do Corvo, afigura-se de especial importância a
criação de condições para a reabilitação do centro urbano de Vila Nova
do Corvo, onde existe um importante património histórico e
arquitectónico, que é característico e único, e que pode vir a ser
irremediavelmente descaracterizado ou destruído se não se iniciar
rapidamente a sua reabilitação. O PCP Açores defende que o Governo
Regional deve procurar estabelecer uma parceria com a Câmara Municipal
de Vila Nova do Corvo, para iniciar um processo de reabilitação
profundo, abrangente e célere.
Noutro aspecto, a infra-estrutura portuária encontra-se obsoleta e constitui um acrescido factor de estrangulamento para a ilha do Corvo. Importa que o Governo equacione as necessárias obras de ampliação / melhoramento do Porto da Casa, enquanto equipamento indispensável para o desenvolvimento da ilha.
Do ponto de vista económico, importa salientar o importante papel que o queijo do Corvo deveria representar, ao ser mais um dos produtos que compõe a grande riqueza e diversidade das produções açorianas. O PCP Açores considera que devem ser encontradas as melhores vias para superar as carências de matéria-prima, ampliando a produção e facilitando a sua colocação nos mercados regionais e nacionais.
Também a carência de um equipamento desportivo coberto, impede aos corvinos o acesso à prática desportiva. O PCP defende que esse deve ser também um investimento prioritário na ilha do Corvo.
Levantam-se ainda preocupações em relação à carência de alguns equipamentos e à necessidade de recuperação e ampliação das instalações do Posto de Saúde de Vila Nova do Corvo. Aliás, parece importante que seja encontrado um modelo de gestão desta unidade que lhe garanta uma maior autonomia e a capacidade de dar uma resposta célere e eficaz às solicitações e necessidades da saúde da população.
O PCP Açores irá assumir, no Parlamento Regional, a exigência de solução destes e doutros problemas na defesa do interesse das populações das ilhas das Flores e do Corvo.
Santa Cruz das Flores, 21 de Agosto de 2009
O Deputado Regional do PCP Açores
Aníbal Pires