Na passada semana, enquanto a situação económica, social e política da zona euro e do nosso País, se agravava, por má governação, fomos assistindo por aqui a um espectáculo ridículo, mesquinho e quase grotesco, desenvolvido à volta da visita do Presidente da Republica e construído em torno das inaugurações da Casa Natália Correia e de um pequeno troço de uma “scut” do sul de S. Miguel. César não vai à inauguração da casa Natália Correia, organizada pela Presidente da Câmara de Ponta Delgada e líder do PSD/A, onde os protagonistas serão o Presidente e Berta Cabral e não convidou o Presidente para participar na inauguração da “scut”. César esforçou-se por retirar impacto à visita presidencial e os serviços da Presidência puseram-se a jeito para dar “uma mãozinha” a Berta.
O Presidente do Governo, que, tudo o indica, se prepara para não se recandidatar, bem com os quadros que o apoiam, parece terem-se “especializado” em pequeno manobrismo político, no que são muito bem acompanhados pelos assessores do Presidente, tal como o modelo e o programa da visita às chamadas ilhas da coesão o demonstra.
Este tipo de “ pequeno manobrismo político”, esteve, aliás, muito associado à organização da já longínqua Presidência Aberta de Mário Soares em 1989, durante a qual os “staff” do Presidente do Governo, Mota Amaral, por um lado, e do Ministro da Republica, Rocha Vieira e da Presidência, por outro, pareciam verdadeiros “exércitos” inimigos! O exercício do poder, por muitos anos, leva muitos dos titulares a pensar que aqueles pequenos episódios em que estão pessoalmente envolvidos é que são os motores da vida colectiva, mas isso é um puro engano!
Os “tabus”, como o de Cavaco nos anos 90 e o de César agora, são também demonstrativos dessa apetência negativa para valorizar o próprio umbigo.
Horta, 25 de Setembro de 2011
José Decq Mota