Quem quer, regularmente, analisar aspectos da situação política do País e dar a conhecer essas opiniões através de uma coluna como esta, vê-se hoje confrontado com o terrível facto de, quase tudo do que vai acontecendo e é notícia, estar reduzido a uma luta pelo poder entre protagonistas que têm a mesma visão dos problemas e principalmente os mesmos objectivos estratégicos.
Esta situação dá lugar a um manobrismo confuso, que se desenvolve, sem dó nem piedade, enquanto os problemas se agravam, enquanto as dificuldades sociais se generalizam, enquanto o número de desempregados aumenta.
Hoje vemos de tudo: vemos políticos disfarçados de “analistas” a propor coligações e a vetar, à partida, nomes; vemos o Ministro das Finanças a fazer sucessivas declarações desastrosas que só servem de sinal aos agiotas para aumentarem a pressão e a chantagem; vemos o Ministro dos Negócios Estrangeiros (pasme-se!) a declarar o esgotamento do Governo e a apelar a uma coligação, como se, para ele, mais importante do que a gravíssima situação em que estamos, seja dar a conhecer aos seus homólogos o que ele pensa.
Manobra-se com ruído, com pessoalismos e com muita intriga, enquanto a vida vai provando, todos os dias, que os remédios adoptados por esses mesmos, apenas servem para agravar os problemas nacionais que essas políticas criaram.
Os protagonistas que mandam de facto (dirigentes do PS, Presidente da Republica, dirigentes do PSD e do PP) meteram o País num buraco muito fundo e só de lá sairemos quando os Portugueses em geral, resolverem assumir em mãos a necessidade de uma profunda e autentica transformação democrática. Quanto mais tarde esse momento chegar mais difícil será recuperar este País que não queremos deixar afundar!
Horta 15/11/2010
José Decq Mota