Sócrates proclamava a coragem do seu governo, ao tomar medidas de política que atingiam massivamente, de forma negativa, os seus mais débeis compatriotas. Chefiado agora por Passos Coelho, o governo, com maior coragem ainda (tanta que até se “atreve” a ir além dos compromissos assinados com a troika com a mesma convicção com que os portugueses navegaram para além da Taprobana), alarga e aprofunda a gravidade das, afinal semelhantes, medidas que aplica aos seus (mesmos) mais débeis compatriotas. Os dirigentes da UE saúdam o Governo português por assumir, em nome de uma dívida por explicar (sem responsáveis e impagável nas actuais condições), a empreitada corajosa de penalizar todo um povo por isso, poupando precisamente aqueles que têm vindo a concentrar em suas mãos, nas últimas décadas, a riqueza que ao país tem fugido.
Falamos da coragem com que, invocando os interesses nacionais, um poder político directo e (agora) absoluto, servil aquém e além-fronteiras a aliados e comparsas com um imenso poder económico, impõe (sem contrapartidas palpáveis) sacrifícios, austeridade, desemprego, recessão e pobreza aos trabalhadores e ao povo em geral, isto é, a uma imensa mole de gente enfraquecida.
Uma coragem do mesmo género que aquela com que os EUA, invocando a posse de armas de destruição maciça nas mãos do agredido, se apoderaram, pela força de armas reais, do petróleo do Iraque, ou daquela com que a França e a Inglaterra, invocando a segurança e a protecção das populações e fazendo uso dos mesmos argumentos bélicos, providenciaram agora apoderar-se do petróleo da Líbia.
Falamos da coragem dos fortes para atacar os fracos, em defesa de interesses diversos dos invocados para o fazer. Uma coragem cobarde e hipócrita, portanto, mas que merece o crédito amplificado e a serventia de economistas de última hora ou de comentadores carreiristas e grandiloquentes, com a qual atazanam persistentemente os ouvidos do desgraçado que liga uma qualquer estação de rádio ou televisão.
Uma outra coragem é a daquele que, sofrendo a injustiça, se rebela e luta, mesmo debilitado, ou daquele que, vendo a razão para lá do interesse restrito ou individual, não acomoda a consciência a estes últimos.
Vindas, penso eu, da área troikana ou de gente partidariamente não alinhada começam a manifestar-se vozes discordantes com o verdadeiro assalto a que o país está a ser submetido por conta de interesses alheios. Como exemplos recentes, na imprensa nacional (Jornal de Notícias de 3 de Agosto), cito Jorge Fiel ou Manuel António Pina.
Mas destaco, no mesmo sentido, o homem da Lei de Finanças Regionais: Eduardo Paz Ferreira, e cito-o em artigo que escreveu para a revista TOC, de Junho deste ano, criticando como não boas nem originais as medidas previstas no memorando da Troika: “Recorde-se apenas o extenso e aceleradíssimo programa de privatizações, que tirará do país qualquer controlo sobre actividades essenciais e se traduzirá, obviamente e em face do calendário, numa venda de jóias de família a preços de ocasião.”
O compromisso com a Troika pode ser solução para alguns iluminados, mas, ao invés, é desta coragem, e da razão dos fracos, que, sem sombra de dúvida, virá a acender-se a luz ao fundo do túnel!
Uma coragem do mesmo género que aquela com que os EUA, invocando a posse de armas de destruição maciça nas mãos do agredido, se apoderaram, pela força de armas reais, do petróleo do Iraque, ou daquela com que a França e a Inglaterra, invocando a segurança e a protecção das populações e fazendo uso dos mesmos argumentos bélicos, providenciaram agora apoderar-se do petróleo da Líbia.
Falamos da coragem dos fortes para atacar os fracos, em defesa de interesses diversos dos invocados para o fazer. Uma coragem cobarde e hipócrita, portanto, mas que merece o crédito amplificado e a serventia de economistas de última hora ou de comentadores carreiristas e grandiloquentes, com a qual atazanam persistentemente os ouvidos do desgraçado que liga uma qualquer estação de rádio ou televisão.
Uma outra coragem é a daquele que, sofrendo a injustiça, se rebela e luta, mesmo debilitado, ou daquele que, vendo a razão para lá do interesse restrito ou individual, não acomoda a consciência a estes últimos.
Vindas, penso eu, da área troikana ou de gente partidariamente não alinhada começam a manifestar-se vozes discordantes com o verdadeiro assalto a que o país está a ser submetido por conta de interesses alheios. Como exemplos recentes, na imprensa nacional (Jornal de Notícias de 3 de Agosto), cito Jorge Fiel ou Manuel António Pina.
Mas destaco, no mesmo sentido, o homem da Lei de Finanças Regionais: Eduardo Paz Ferreira, e cito-o em artigo que escreveu para a revista TOC, de Junho deste ano, criticando como não boas nem originais as medidas previstas no memorando da Troika: “Recorde-se apenas o extenso e aceleradíssimo programa de privatizações, que tirará do país qualquer controlo sobre actividades essenciais e se traduzirá, obviamente e em face do calendário, numa venda de jóias de família a preços de ocasião.”
O compromisso com a Troika pode ser solução para alguns iluminados, mas, ao invés, é desta coragem, e da razão dos fracos, que, sem sombra de dúvida, virá a acender-se a luz ao fundo do túnel!
Mário Abrantes