Tantos anos a vê-lo ignorar os Açores em tudo o que não fossem desgraças e mau tempo, eu estava a estranhar o súbito interesse dedicado a estas ilhas pelos mais recentes telejornais nacionais do canal 1 da RTP: “Não, ninguém resolveu finalmente acabar com a injustiça. Isto são miolos que se dão, para tirar o pão!”, pensava eu para com os meus botões. E, infelizmente, nem é preciso ser-se muito inteligente para deduzir que, em simultâneo com essa mudança de atitude no Canal 1, ao contrário da reposição da justiça, provavelmente alguma coisa de grave haveria de estar a ser arquitectada para atingir o canal açoriano de serviço público da RTP…
Após dois meses de emissões experimentais, só o 25 de Abril veio permitir que a escuridão audiovisual, que já durava há 18 anos, se prolongasse por mais tempo nos Açores, e em Agosto de 1975 surge finalmente a primeira emissão televisiva de e para os açorianos, através do Centro Regional dos Açores da RTP, com uma duração inicial de seis horas diárias.
E lá veio, 36 anos depois, um senhor de nome Miguel Relvas, pertencente a um governo de coligação do PSD com o CDS/PP, denunciar a existência de um crime continuado contra o Estado (uma perniciosa “gordura”) que consiste na emissão da RTP/Açores, e decretar publicamente, em nome do seu governo, de forma autoritária, prepotente e sem ouvir quem quer que seja (pelo titubear das suas declarações, nem o próprio Presidente do Conselho de Administração da RTP estava bem ciente das palavras do governante), nada mais nada menos que a pena capital para aquela estação de serviço público regional de televisão.
De imediato e sem apelo, consoante as ordens daquele senhor, foi encarcerada no corredor da morte com a redução da emissão para quatro horas diárias (menos duas ainda do que aquelas com que, ainda criança, começou a andar). Tudo porque: “os Açores não são mais nem menos que uma qualquer região mais desertificada do Continente”…
Por esta lógica esmagadora (e suicidária) da Autonomia (enquanto parte integrante do Estado) que consiste em dizer: “Gasta demais? Acabe-se com ela” (tal como a própria vida…se custa muito), assim se norteia este ministro (com eme pequeno, obviamente) do mesmo Governo que em simultâneo anuncia um gasto antecipado do Estado sobre as dívidas da RTP, no valor de 225 milhões de euros. Para quê esta desnecessária despesa imediata? Ora bem: Para privatizar o canal generalista da RTP, sem custos para o (futuro) utilizador! Acabam-se assim os gastos do Estado com as SCUTS para os automobilistas e inauguram-se os gastos do Estado com as SCUTS para os oligopólios privados da informação…
Perante este potencial de cavalgante delapidação da identidade regional, da identidade nacional, de qualquer identidade que não possua essência financeira, não me parece haver lugar a alguma hesitação perante a necessidade política de uma resposta regional firme, unida e consequente aos desmandos de rapazes mal cuidados, com tiques de dominador, assolapados em ministros, contra a existência, sob a responsabilidade do Estado, de um serviço público próprio de rádio e televisão nos Açores.
Porque a resposta dos outros me parece óbvia, aqui fica um apelo, oxalá não seja em vão, ao PSD-Açores e ao CDS-Açores, para que, em relação pelo menos a este caso, ainda que tendo sido promotores do actual governo da República, sejam capazes de respeitar efectivamente aquelas que em campanha anunciaram aos açorianos como sendo as suas fidelidades primeiras…
E lá veio, 36 anos depois, um senhor de nome Miguel Relvas, pertencente a um governo de coligação do PSD com o CDS/PP, denunciar a existência de um crime continuado contra o Estado (uma perniciosa “gordura”) que consiste na emissão da RTP/Açores, e decretar publicamente, em nome do seu governo, de forma autoritária, prepotente e sem ouvir quem quer que seja (pelo titubear das suas declarações, nem o próprio Presidente do Conselho de Administração da RTP estava bem ciente das palavras do governante), nada mais nada menos que a pena capital para aquela estação de serviço público regional de televisão.
De imediato e sem apelo, consoante as ordens daquele senhor, foi encarcerada no corredor da morte com a redução da emissão para quatro horas diárias (menos duas ainda do que aquelas com que, ainda criança, começou a andar). Tudo porque: “os Açores não são mais nem menos que uma qualquer região mais desertificada do Continente”…
Por esta lógica esmagadora (e suicidária) da Autonomia (enquanto parte integrante do Estado) que consiste em dizer: “Gasta demais? Acabe-se com ela” (tal como a própria vida…se custa muito), assim se norteia este ministro (com eme pequeno, obviamente) do mesmo Governo que em simultâneo anuncia um gasto antecipado do Estado sobre as dívidas da RTP, no valor de 225 milhões de euros. Para quê esta desnecessária despesa imediata? Ora bem: Para privatizar o canal generalista da RTP, sem custos para o (futuro) utilizador! Acabam-se assim os gastos do Estado com as SCUTS para os automobilistas e inauguram-se os gastos do Estado com as SCUTS para os oligopólios privados da informação…
Perante este potencial de cavalgante delapidação da identidade regional, da identidade nacional, de qualquer identidade que não possua essência financeira, não me parece haver lugar a alguma hesitação perante a necessidade política de uma resposta regional firme, unida e consequente aos desmandos de rapazes mal cuidados, com tiques de dominador, assolapados em ministros, contra a existência, sob a responsabilidade do Estado, de um serviço público próprio de rádio e televisão nos Açores.
Porque a resposta dos outros me parece óbvia, aqui fica um apelo, oxalá não seja em vão, ao PSD-Açores e ao CDS-Açores, para que, em relação pelo menos a este caso, ainda que tendo sido promotores do actual governo da República, sejam capazes de respeitar efectivamente aquelas que em campanha anunciaram aos açorianos como sendo as suas fidelidades primeiras…
Mário Abrantes