Estamos a viver uma época muito complicada, sendo cada vez mais evidente
que a intenção dos poderes estabelecidos é impor uma organização
económica, social e política muito mais retrógrada, que proteja ainda
mais os poucos que muito têm e que controle ferreamente as aspirações de
progresso, liberdade e justiça que animam os povos.
Olhamos à volta e só vemos ofensivas violentas contra tudo o que é progresso ao serviço da generalidade dos cidadãos: cortes na saúde, cortes na educação, cortes na protecção ao emprego, cortes nos benefícios fiscais dos cidadãos comuns, aumento generalizado de impostos, criação de novas taxas, tentativa de eliminação massiva de postos de trabalho, diminuição violenta de direitos para quem trabalha e de garantias e protecção para quem é reformado, diminuição drástica de todos os mecanismos de participação política dos cidadãos, desarticulação do poder local democrático, enfraquecimento das autonomias regionais, etc.
Olhamos à volta e só vemos ofensivas violentas contra tudo o que é progresso ao serviço da generalidade dos cidadãos: cortes na saúde, cortes na educação, cortes na protecção ao emprego, cortes nos benefícios fiscais dos cidadãos comuns, aumento generalizado de impostos, criação de novas taxas, tentativa de eliminação massiva de postos de trabalho, diminuição violenta de direitos para quem trabalha e de garantias e protecção para quem é reformado, diminuição drástica de todos os mecanismos de participação política dos cidadãos, desarticulação do poder local democrático, enfraquecimento das autonomias regionais, etc.
Tudo isto é feito à pressa, sem reflexão alguma, alegando-se sempre “a inevitabilidade de todas as medidas”, porque só assim se “ultrapassa a crise”. Entretanto, o tempo vai mostrando, cada vez com mais nitidez, que muitas dessas medidas que são atiradas para cima de nós todos os dias, têm essa marca de transformação negativa e injusta própria das regressões civilizacionais e nada têm a ver com a crise económica e financeira que a má governação criou.
É triste ver gente séria, com um razoável senso comum, a deixar-se reger por critérios de fidelidade partidária para justificar o injustificável. É triste ver gente daqui a deixar-se embalar com a intenção proclamada de liquidar o serviço público regional de televisão e rádio. É triste constatar o oportunismo de governantes, de todos os níveis de poder, quando procuram concretizar medidas negativas que sempre tiveram que engolir até agora.
Estamos no Faial, ilha do arquipélago dos Açores que é uma Região Autónoma Portuguesa. Estamos em vésperas de passar a ter um serviço público específico de televisão servido numa janela estreita. Temos um orçamento municipal cada vez mais insuficiente para cobrir, minimamente, as competências e obrigações municipais. Temos necessidades de investimento regional há muito identificadas e adiadas. Estamos a ver as actividades económicas a desacelerar fortemente. Sabemos que é cada vez maior o número de mulheres e homens, com quem nos cruzamos todos os dias, que vivem crescentes e dramáticas dificuldades. Estamos aqui a ver tudo isto e, não obstante isso, sabemos que na última sessão da Assembleia Municipal foi gasto muito tempo em discussões meramente formais, sem que tenha surtido efeito completo, em termos de debate, o esforço feito por alguns, que não se eximiram de levar à discussão problemas bem sérios.
Quem está ligado, partidariamente, ao poder da Republica assobia para o lado! Quem está ligado ao poder Regional também assobia para o lado! De assobio em assobio lá vamos nós rumo a um futuro mau, ainda bem pior do que um passado recente, da nossa vida local, que está muito longe de ter sido bom.
Sinto-me um pouco como um marinheiro que está a ver o navio a ir, aos poucos, ao fundo e percebe que as ordens que vêm das várias pontes e passarelas de comando, apenas provocam a aceleração do afundamento. Sentindo-me assim, procuro reagir e não me deixo amordaçar por imposições que nos são servidas, às toneladas, por “legiões” de comentadores que hoje povoam, como morcegos, os grandes meios de comunicação social e que têm a missão de “convencer” os cidadãos!
No que toca aqui ao Faial penso ser muito urgente discutir-se, livremente, o nosso futuro imediato. As instituições locais (Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Conselho de Ilha) têm esse dever, mas os cidadãos e as organizações da sociedade têm esse direito. Penso que é tempo de usarmos, democraticamente, esse direito. Penso que é tempo das instituições locais abrandarem as discussões formais, que apenas desacreditam a política, e empenharem-se em ouvir a sociedade, para que se encontrem algumas respostas que são urgentes.
Deixo algumas matérias que penso ser essencial debater:
Quais as questões que é urgente incluir no Plano e Orçamento Municipal do próximo ano e que nova organização deverá ter esse documento essencial à vida do Município? Quais os investimentos que não podem ser mais adiados? Que medidas de protecção social podem ser adoptadas localmente em casos de verdadeira necessidade? Que medidas se podem tomar para defender as actividades produtivas essenciais? Como é que se pode fomentar o melhor uso da área agrícola e a diversificação, com qualidade, da produção? Que medidas são necessárias para apoiar e racionalizar as pescas? Como é que se aproveita de forma integral a capacidade humana e técnica instalada nos serviços públicos, especialmente os municipais? Como é que se equilibra a vida económica e financeira do sector empresarial público local, sem pôr em causa o funcionamento de estruturas municipais tão importantes como o Teatro ou a Piscina? Como é que se age no sentido de tentar diminuir as múltiplas adversidades que têm afectado as empresas locais em geral e o comércio tradicional em especial? Como é que se podem potenciar e aproveitar, num elevado grau, as capacidades existentes na nossa ilha nos planos cultural, desportivo e associativo? Como é que se defende, de forma adequada, o ensino no Faial, em todas as suas vertentes gerais, especializadas e profissionais? Como é que se defende, de forma eficaz, o Hospital da Horta e todas as estruturas de saúde existentes? Que medidas se podem tomar no sentido de consolidar as várias formas de turismo que convergem nesta ilha? Que acções se devem promover para preservar e defender o nosso património natural e os valores e procedimentos ambientais adequados? Que medidas e acções se podem desenvolver, no quadro existente, para promover a reabilitação urbana e para valorizar, do ponto de vista urbanístico, vários espaços da nossa cidade? Como é que se pode integrar melhor todas as Freguesias da Ilha na gestão prática dos recursos que têm que contribuir para a resolução de problemas de todos os lugares? Que comportamentos se devem assumir para que se torne exequível um diálogo frutuoso com as ilhas vizinhas? Que tipo de diálogo permanente se deve praticar nesta ilha envolvendo eleitos, partidos, parceiros sociais, movimento associativo e cidadãos, independentemente do facto de 2012 ser ano de eleições regionais e, como tal, haver a tendência, que tão maus resultados tem dado, de serem muitos os que vestem de forma cega, qual clube, a camisola partidária?
Fica aqui alguma coisa da minha visão e das minhas preocupações sobre muito do que nos rodeia. Espero bem que esta sociedade procure ver a realidade e que obrigue os seus dirigentes a agirem de forma bem mais adequada.
Artigo de opinião de José Decq Mota, em 4/10/2011
É triste ver gente séria, com um razoável senso comum, a deixar-se reger por critérios de fidelidade partidária para justificar o injustificável. É triste ver gente daqui a deixar-se embalar com a intenção proclamada de liquidar o serviço público regional de televisão e rádio. É triste constatar o oportunismo de governantes, de todos os níveis de poder, quando procuram concretizar medidas negativas que sempre tiveram que engolir até agora.
Estamos no Faial, ilha do arquipélago dos Açores que é uma Região Autónoma Portuguesa. Estamos em vésperas de passar a ter um serviço público específico de televisão servido numa janela estreita. Temos um orçamento municipal cada vez mais insuficiente para cobrir, minimamente, as competências e obrigações municipais. Temos necessidades de investimento regional há muito identificadas e adiadas. Estamos a ver as actividades económicas a desacelerar fortemente. Sabemos que é cada vez maior o número de mulheres e homens, com quem nos cruzamos todos os dias, que vivem crescentes e dramáticas dificuldades. Estamos aqui a ver tudo isto e, não obstante isso, sabemos que na última sessão da Assembleia Municipal foi gasto muito tempo em discussões meramente formais, sem que tenha surtido efeito completo, em termos de debate, o esforço feito por alguns, que não se eximiram de levar à discussão problemas bem sérios.
Quem está ligado, partidariamente, ao poder da Republica assobia para o lado! Quem está ligado ao poder Regional também assobia para o lado! De assobio em assobio lá vamos nós rumo a um futuro mau, ainda bem pior do que um passado recente, da nossa vida local, que está muito longe de ter sido bom.
Sinto-me um pouco como um marinheiro que está a ver o navio a ir, aos poucos, ao fundo e percebe que as ordens que vêm das várias pontes e passarelas de comando, apenas provocam a aceleração do afundamento. Sentindo-me assim, procuro reagir e não me deixo amordaçar por imposições que nos são servidas, às toneladas, por “legiões” de comentadores que hoje povoam, como morcegos, os grandes meios de comunicação social e que têm a missão de “convencer” os cidadãos!
No que toca aqui ao Faial penso ser muito urgente discutir-se, livremente, o nosso futuro imediato. As instituições locais (Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Conselho de Ilha) têm esse dever, mas os cidadãos e as organizações da sociedade têm esse direito. Penso que é tempo de usarmos, democraticamente, esse direito. Penso que é tempo das instituições locais abrandarem as discussões formais, que apenas desacreditam a política, e empenharem-se em ouvir a sociedade, para que se encontrem algumas respostas que são urgentes.
Deixo algumas matérias que penso ser essencial debater:
Quais as questões que é urgente incluir no Plano e Orçamento Municipal do próximo ano e que nova organização deverá ter esse documento essencial à vida do Município? Quais os investimentos que não podem ser mais adiados? Que medidas de protecção social podem ser adoptadas localmente em casos de verdadeira necessidade? Que medidas se podem tomar para defender as actividades produtivas essenciais? Como é que se pode fomentar o melhor uso da área agrícola e a diversificação, com qualidade, da produção? Que medidas são necessárias para apoiar e racionalizar as pescas? Como é que se aproveita de forma integral a capacidade humana e técnica instalada nos serviços públicos, especialmente os municipais? Como é que se equilibra a vida económica e financeira do sector empresarial público local, sem pôr em causa o funcionamento de estruturas municipais tão importantes como o Teatro ou a Piscina? Como é que se age no sentido de tentar diminuir as múltiplas adversidades que têm afectado as empresas locais em geral e o comércio tradicional em especial? Como é que se podem potenciar e aproveitar, num elevado grau, as capacidades existentes na nossa ilha nos planos cultural, desportivo e associativo? Como é que se defende, de forma adequada, o ensino no Faial, em todas as suas vertentes gerais, especializadas e profissionais? Como é que se defende, de forma eficaz, o Hospital da Horta e todas as estruturas de saúde existentes? Que medidas se podem tomar no sentido de consolidar as várias formas de turismo que convergem nesta ilha? Que acções se devem promover para preservar e defender o nosso património natural e os valores e procedimentos ambientais adequados? Que medidas e acções se podem desenvolver, no quadro existente, para promover a reabilitação urbana e para valorizar, do ponto de vista urbanístico, vários espaços da nossa cidade? Como é que se pode integrar melhor todas as Freguesias da Ilha na gestão prática dos recursos que têm que contribuir para a resolução de problemas de todos os lugares? Que comportamentos se devem assumir para que se torne exequível um diálogo frutuoso com as ilhas vizinhas? Que tipo de diálogo permanente se deve praticar nesta ilha envolvendo eleitos, partidos, parceiros sociais, movimento associativo e cidadãos, independentemente do facto de 2012 ser ano de eleições regionais e, como tal, haver a tendência, que tão maus resultados tem dado, de serem muitos os que vestem de forma cega, qual clube, a camisola partidária?
Fica aqui alguma coisa da minha visão e das minhas preocupações sobre muito do que nos rodeia. Espero bem que esta sociedade procure ver a realidade e que obrigue os seus dirigentes a agirem de forma bem mais adequada.
Artigo de opinião de José Decq Mota, em 4/10/2011