A cerca de um ano das eleições regionais, ainda com o eco nos ouvidos de
uma homenagem à República feita oficialmente por aqueles que a estão
vendendo a retalho e ao desbarato, e excluindo o que de saudável
representa o consenso alcançado para o próximo confronto em Lisboa duma
Comissão Parlamentar, em defesa da RTP-Açores, lá retomámos o estafado
bipolar ciclo vicioso-eleitoral, que a comunicação social, maugrado pôr
com isso em causa a inteligência das pessoas, não deixará em 12 meses de
ampliar até à exaustão:
César “envergonha os açorianos”, afirma Berta, o PSD “envergonha os
Açores”, afirma Berto. O PSD desconfia das contas regionais, Sérgio
Ávila desconfia das contas do PSD. O PS diz que as passagens aéreas
desceram, Jorge Macedo diz que Vasco Cordeiro as subiu. O PS proclama
restrições orçamentais…para salvar postos de trabalho, o PSD corta nas
contribuições à segurança social e no fisco… para salvar o emprego. E
por aí adiante…
Enredados em compromissos comuns, reconfirmados por António José Seguro, pelo lado do PS (não obstante o desafio legítimo, lançado por Carvalho da Silva em nome de um povo em sofrimento e em luta, para que se desvinculasse da troika), e plenamente assumidos no apoio incondicional a Cavaco e ao Governo da República, pelo lado do PSD, os dirigentes açorianos destes dois partidos reiniciaram uma campanha repetida e repetitiva tão densa quanto estéril e, agora ainda mais do que noutras, atrofiada nos horizontes.
Ambos falam e continuarão a falar de emprego como prioridade, quando, deliberadamente, já acertaram como inevitabilidade o aumento continuado do desemprego. Ambos defendem e continuarão a defender as empresas regionais, quando aceitaram vincular-se à sua destruição sistemática e contínua. Ambos proclamam o crescimento económico como meta indispensável para superar dificuldades, quando abraçaram um programa de recessão e de multiplicação da pobreza. Ambos falam e continuarão a falar de Autonomia como objectivo inatacável, quando já aceitaram mutilá-la.
No meio de tanto ruído inútil que se adivinha, resta àqueles que não ficarem surdos nem resignados, reflectir e soltar a mente. Deparar-se-ão então com outras vozes e hipóteses, estas bem mais sérias e desafiadoras:
João Ferreira do Amaral (economista): “O plano que a troika nos impõe não irá dar resultado ao nível do crescimento. A solução é sair do euro. Custará caro, mas quanto mais cedo melhor”;
Nouriel Roubini (economista): “Empurrar os custos do trabalho cada vez mais para baixo afecta o rendimento e o consumo gerais. O acordo da UE com a Grécia é um roubo. A Grécia deve renegociar a dívida, alargar prazos de pagamento e sair do euro. Precisa de tempo e de fôlego. Portugal deve seguir o mesmo exemplo”;
Paul Krugman (Nobel da economia): “Cumprir com a redução forçada do défice público é um caminho idiota de recessão”;
Mark Weisbrot (economista): “A troika ao forçar o aperto dos orçamentos possibilita a queda caótica das economias. Há sempre alternativa para o não crescimento e o desemprego. Haja vontade política e competência para mudar de rumo”;
Dilma Rousseff (Presidente do Brasil, na UE): “A austeridade não é a solução para a crise. O remédio passa pelo aumento do consumo e do investimento”.
E por aqui me fico, por agora...
No meio de tanto ruído inútil que se adivinha, resta àqueles que não ficarem surdos nem resignados, reflectir e soltar a mente. Deparar-se-ão então com outras vozes e hipóteses, estas bem mais sérias e desafiadoras:
João Ferreira do Amaral (economista): “O plano que a troika nos impõe não irá dar resultado ao nível do crescimento. A solução é sair do euro. Custará caro, mas quanto mais cedo melhor”;
Nouriel Roubini (economista): “Empurrar os custos do trabalho cada vez mais para baixo afecta o rendimento e o consumo gerais. O acordo da UE com a Grécia é um roubo. A Grécia deve renegociar a dívida, alargar prazos de pagamento e sair do euro. Precisa de tempo e de fôlego. Portugal deve seguir o mesmo exemplo”;
Paul Krugman (Nobel da economia): “Cumprir com a redução forçada do défice público é um caminho idiota de recessão”;
Mark Weisbrot (economista): “A troika ao forçar o aperto dos orçamentos possibilita a queda caótica das economias. Há sempre alternativa para o não crescimento e o desemprego. Haja vontade política e competência para mudar de rumo”;
Dilma Rousseff (Presidente do Brasil, na UE): “A austeridade não é a solução para a crise. O remédio passa pelo aumento do consumo e do investimento”.
E por aqui me fico, por agora...
Artigo de opinião de Mário Abrantes, em 5/10/2011