No quadro da cultura em que, como Povo, nos inserimos, esta época do ano é de Festa e nela se comemora o nascimento de Jesus Cristo.
Independentemente do significado mais forte que se queira dar a Cristo – Deus feito Homem ou Homem bom e transformador – o certo é que há mais de dois mil anos se deram acontecimentos que proclamaram valores articulados uns com os outros, valores esses que tinham como sentido principal a valorização do ser humano. A partir desses valores nasceu uma nova Religião, mas, mais do que isso, estruturou-se uma Cultura marcante na evolução da Humanidade. Comemora-se assim no Natal a fundação do Cristianismo e da Cultura Cristã.
São múltiplos os apelos, nesta quadra, ao fortalecimento do melhor que possa existir em cada um de nós; à realização de atitudes positivas no nosso comportamento com os outros; ao reforço da solidariedade; ao primado da bondade. Todos sabemos entretanto que muitos desses apelos individualizados não são fonte inspiradora do comportamento de quem os proclama, nem são matriz sólida das decisões de interesse e impacto colectivo que se tomam. Bem pelo contrário, são muitos os que remetem os valores proclamados para dentro das paredes dos templos e são muitos os que, pela prática e ao longo do tempo, negam e tentam destruir conceitos tão simples e tão belos como são os da solidariedade, da bondade, da partilha, da justiça e da harmonia.
Apesar de tudo isto e tendo sempre presente tudo o que de mau e concreto resulta de tudo isto, não quero deixar de desejar a todos os meus leitores e àqueles que trabalham na publicação que me acolhe, umas Boas Festas, harmoniosas e fraternas, que sejam fonte inspiradora da determinação de cada um em resistir à brutalidade instalada e lutar verdadeiramente por um Mundo melhor e mais justo.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 21 de dezembro de 2011