Demonstrativas da sua inadequada aptidão para os importantes cargos que ocupam, a passada semana foi farta em calinadas vindas da boca de gente com responsabilidades na vida pública…
“A minha reforma mal chega para pagar as despesas…” (Presidente da República).
De facto 1300 euros (o único número por ele divulgado) de uma pensão, e mais “não sei quanto” de outra (Banco de Portugal), e mais os miseráveis 800 euros da reforma da esposa, é efectivamente muito pouco para as despesas mensais de quem diz que prescindiu (melhor dito, para quem foi legalmente obrigado a optar e optou por prescindir) do salário de Presidente da República…É enternecedor e deveras coerente com aquela máxima sua de que qualquer outro, para ser mais sério do que ele, teria de nascer duas vezes, vê-lo optar (apenas quando obrigado, note-se) pela solução franciscana de prescindir do salário de PR e ficar com um outro montante, que insinuou pouco passar de 1.300 euros…, apesar de declarar às finanças, por uma qualquer conveniência inexplicada, mais de 10.000 euros de rendimento mensal!
Num país de ricos e numa região “onde nunca se viveu tão bem como agora…” (Monteiro da Silva ex-patrão da EDA, no Rotary Clube de Ponta Delgada) impõe-se assim, também aos açorianos, o dever de prestar solidariedade assistencial urgente a um dos poucos pobres que ainda restam em Portugal: o sr. Presidente da República!
“Acho importante o acordo de concertação social porque dá bons sinais à economia…” (Presidente do Governo Regional).
Na sua recente passagem por Portugal, o Nobel da Economia Joseph Stiglitz, referindo-se às reformas laborais alinhavadas em concertação social pelo governo PSD/CDS, pelas centrais patronais e pela UGT, afirmou que essas políticas geradoras de menores salários, rendimentos e condições de trabalho, só agravavam a recessão e não resolviam crise alguma…
Sendo assim, Carlos César das duas uma: Ou está a querer passar a mão pelo pêlo do governo de Passos Coelho, ou ambiciona candidatar-se ao próximo Nobel da Economia concorrendo com a tese vanguardista de que aquilo que é mau para os trabalhadores é bom para as pessoas…
“Nunca prometi nada que não tivesse cumprido…” (Berta Cabral).
Como autarca da minha freguesia, eleito pelas listas de cidadãos do grupo Santa Clara-Vida Nova, posso confirmar pessoalmente os compromissos assumidos e anualmente repetidos pelo executivo municipal de P. Delgada, desde 2005, de que no ano seguinte seria executado o importante investimento de requalificação da 2ª Rua de Santa Clara, passando-se o mesmo com a requalificação da Escola EB/JI do Ramalho (neste caso, desde o ano de 2009).
De visita pré-eleitoral ao Pico e rebelando-se contra as promessas incumpridas de construção da escola básica e secundária nas Lajes, a dirigente do PSD, que por acaso enquanto Presidente de Câmara é a entidade responsável pelo incumprimento sucessivo dos investimentos referidos no parágrafo acima, teve o despudor de pronunciar aquela frase burlesca.
No dia anterior ao desta declaração, sabe-se lá porquê, bem alertou o seu compincha de partido - Duarte Freitas, que “o momento não é para prometer tudo a todos, pois temos de ser conscientes e responsáveis…”. Mas, pelos vistos, anda a cabeça a fugir à carapuça!
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 25 de janeiro de 2012