O último fim-de-semana informativo foi dominado pelo congresso nacional do PSD. Mais do que analisar em pormenor o que foi dito ou decidido nesse congresso, é muito importante chamar a atenção para alguns aspectos que falam por si próprios.
Em primeiro lugar há que referir o notório “ambiente de poder” que todos fizeram questão de mostrar, contrastando de forma chocante com a postura “humilde” adoptada no congresso anterior, quando a questão central que então se punha ao PSD era a de enganar os portugueses para ganhar as eleições.
Em segundo lugar há que sublinhar algumas presenças e algumas ausências.
Das presenças de alguns antigos lideres, sobressai o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que lá foi apoiar Coelho e até cumprimentou efusiva e publicamente o ministro Relvas, do qual disse em tempos que a participação no Governo tinha sido “um erro de casting”. Também lá esteve o Dr. Luis Filipe Meneses, que produziu uma das mais demagógicas intervenções que lá se ouviu.
Das ausências há que sublinhar haver dois tipos de ausentes: os poucos que não foram porque têm discordâncias com a política neoliberal fundamentalista que está a ser feita e os vários que não foram porque não puderam ir, apesar de muitos aspectos públicos das suas vidas mostrarem que são precursores desta política. De entre estes últimos estou a referir-me a antigos ministros, lideres parlamentares, secretários de estado ou chefes de gabinete, casos de Dias Loureiro, Duarte Lima ou Vale e Azevedo, só para dar três exemplos.
Alberto João Jardim esteve lá e demonstrou de forma decadente e caricata que, para gente como ele, o mais importante de tudo é viabilizar a destruição das conquistas democráticas, que é exactamente o que o PSD e o PP estão a fazer.
Este congresso, morno e bafiento, demonstra que a direita triunfante e muito unida vai fazendo um caminho de destruição.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 27 de março de 2012