Limitando-me a anotar o que ouço ou vejo, sou obrigado a concluir que vivemos num tempo absurdo.
É um tempo em que uma importante organização social dos Açores, a Câmara do Comércio e Industria da Horta, convoca uma Assembleia Geral para apresentar contas e realizar eleições, verificando-se, entretanto, que por alegadas dificuldades administrativas, as contas não foram apresentadas, ficando também as eleições por fazer; é um tempo em que uma das maiores empresas dos Açores, a Insco, resolve rescindir contratos com quadros intermédios, com o propósito condenável de comprimir, de cima para baixo, o já muito apertado leque salarial que pratica; é um tempo em que, segundo dados divulgados hoje, a taxa nacional do desemprego subiu para os 15%, sendo agora a 3º mais alta desta Europa de dominadores e dominados; é um tempo em que entram em vigor novas regras, leoninas, de diminuição de apoio aos desempregados; é um tempo em que vários dos ideólogos e aproveitadores directos deste neoliberalismo feroz que vigora estão a “prever”, insistentemente, a “necessidade de um novo resgate”.
Tudo o que atrás referi são notícias, ou do fim-de-semana, ou de hoje. São notícias de um País e de uma Região onde a economia está a ser destruída e onde a falta de vergonha está no poder, a todos os níveis e em muitas instâncias políticas ou representativas.
A par disto, vimos no fim-de-semana uma mega manifestação, promovida pela Associação Nacional de Freguesias, de clara e determinada contestação à extinção de Freguesias e a esta forma, também ela absurda, como o PS, o PSD e o PP, aceitaram essa grosseira ingerência da troika, a que chamam pomposamente, “reforma administrativa”.
Concluo dizendo que é urgente que este País acorde, isole todos os vendedores do templo, tome a iniciativa de agir e inverta a política recessiva de destruição em curso.
Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado a 3 de abril de 2012