Os limites

jos_decq_mota_webA comunicação ao País do 1º Ministro, feita no passado dia 7, empurrou o actual exercício do poder político em Portugal bem para fora do domínio, mais ou menos tradicional, da política de direita, colocando-o, clara e totalmente, no plano da nova política ultra-reaccionária, manipuladora e dominadora determinada pelo grande capital financeiro internacional e executada pelos grupos políticos e poderes que a ele se subordinam.

Ao anunciar medidas que castigam duramente, uma vez mais, quem trabalha e que beneficiam despudoradamente quem acumula capital, o 1º Ministro Passos Coelho e todos os seus apoiantes do PSD e do CDS/PP, ultrapassaram todos os limites que balizam um regime democrático. Tomam as medidas, alegadamente para resolver a questão da “equidade dos sacrifícios” levantada pelo Tribunal Constitucional, mas agravam profundamente o fosso que na nossa sociedade separa os poucos que muito têm dos muitos que pouco ou nada têm. Dizem que, com esta brutalidade, querem combater o desemprego, fingindo não perceber que com um mercado interno comprimido ao máximo não haverá nunca criação de emprego. Possibilitam, de forma directa, que os grandes grupos económicos e financeiros acumulem uma enormidade de capital, sem qualquer exigência de colocação desses meios ao serviço da dinamização da economia. Escondem que milhares de micro, pequenas e médias empresas só terão a sua salvação na expansão do mercado interno, porque só facturando sobrevivem.

Naturalmente a Região Autónoma dos Açores continuará a sofrer, muito fortemente, os efeitos desta política cada vez mais extremista do PSD e do CDS/PP, pelo que não é imaginável que, a 14 de Outubro próximo, os açorianos dêem o poder regional ao PSD ou dêem qualquer papel relevante na vida regional ao CDS/PP.

Os limites estão ultrapassados, a luta tem que se afirmar!

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 10 de setembro de 2012