Duas brincadeiras de mau gosto

Duas brincadeiras de mau gosto
A primeira: Quando os açorianos se confrontam com ameaças de agravamento substancial das suas condições de vida, vindas diretamente do atual poder na Republica, não só por via do OGE cujo conteúdo inconstitucional o Presidente Cavaco, se não estivesse alheio às suas responsabilidades, deveria vetar, mas também por via de diversas ameaças diretas e igualmente inconstitucionais à Autonomia Regional, as quais necessitarão da concentração de esforços, da vontade e determinação firme dos açorianos para serem combatidas e derrotadas, o PSD nos Açores, seguindo as recentes pisadas pouco sérias, mas felizmente infrutíferas, de António José Seguro no Continente, prefere desviar demagogicamente a pantalha da agenda política regional para a questão da redução do número de deputados no parlamento açoriano. Tudo a reboque, mais uma vez (como já aconteceu nas eleições regionais), de um PPM que pretende o mesmo, numa proposta inexequível em que intenta reduzir o número de deputados mas de forma a que a sua própria reeleição nunca possa ser posta em causa...
Já aqui abordámos a questão de que não é por haver “deputados a mais”, quaisquer que eles sejam e indiferentemente da sua origem política, que os problemas financeiros e os sacrifícios impostos aos açorianos existem e ameaçam ser acrescidos. Aliás é sempre bom relembrar que só o presidente da EDP (António Mexia), com os seus 258.333 euros/mês, e o presidente da CE da CGD (José Agostinho Matos), com os seus 119.339,10 euros/mês (fora as alcavalas) ganham quase o triplo do que ganham por mês, todos juntos, os “exageradíssimos” 57 deputados do parlamento açoriano. É por haver deputados a mais sim, mas eleitos pelo PS e PSD (aliados aos do CDS) que existem esta austeridade, as desigualdades crescentes e os sacrifícios injustos e discricionários impostos aos portugueses e duplamente aos açorianos, apesar destes últimos na sua maioria já viverem com rendimentos infinitamente abaixo da média europeia…
Nada auspiciosa esta parolice pseudo-oposicionista que o candidato único à liderança do PSD lançou para cima da mesa esta semana…
A segunda: De igual mal (demagogia pouco responsável) padece Pedro Paulo Carvalho Silva. No seu artigo desta semana no Correio dos Açores, partindo do exemplo elogioso (que compartilho) de sobriedade e dignidade política do atual Presidente do Uruguai (antigo guerrilheiro, 14 anos preso político), que possui um património de mil e trezentos euros, não tem conta no banco, e do seu ordenado fica com uma parte mínima, entregando o resto a instituições de solidariedade, insinua que “se calhar o Tarrafal e as prisões da PIDE, no tempo de Salazar, não eram assim tão desconfortáveis pois em Portugal não se vislumbra nenhum democrata de esquerda que depois de ter passado por lá, após a revolução dos cravos” não ficasse rico!
Pedro Paulo, um presumível advogado sério, deveria saber manter essa seriedade naquilo que escreve. Eu conheço muitos portugueses que passaram pelas prisões fascistas e viveram ou vivem ainda, após o 25 de Abril de 1974, com pouco mais do salário mínimo, dedicando-se à cidadania política ativa e à causa pública e abdicando, por essa mesma causa, de boa parte do salário oficial atribuído aos cargos que ocupam e para os quais foram eleitos.
Sou até amigo muito próximo de um deles, que após o 25 de Abril foi liberto da prisão salazarista de Caxias, e que viveu dezenas de anos nas condições atrás descritas…
Se, não sendo cego, não “vislumbra nenhum desses democratas” Dr. Pedro Paulo, eu terei todo o gosto em apreentar-lhe alguns…

mario_abrantesA primeira:

Quando os açorianos se confrontam com ameaças de agravamento substancial das suas condições de vida, vindas diretamente do atual poder na Republica, não só por via do OGE cujo conteúdo inconstitucional o Presidente Cavaco, se não estivesse alheio às suas responsabilidades, deveria vetar, mas também por via de diversas ameaças diretas e igualmente inconstitucionais à Autonomia Regional, as quais necessitarão da concentração de esforços, da vontade e determinação firme dos açorianos para serem combatidas e derrotadas, o PSD nos Açores, seguindo as recentes pisadas pouco sérias, mas felizmente infrutíferas, de António José Seguro no Continente, prefere desviar demagogicamente a pantalha da agenda política regional para a questão da redução do número de deputados no parlamento açoriano. Tudo a reboque, mais uma vez (como já aconteceu nas eleições regionais), de um PPM que pretende o mesmo, numa proposta inexequível em que intenta reduzir o número de deputados mas de forma a que a sua própria reeleição nunca possa ser posta em causa...

Já aqui abordámos a questão de que não é por haver “deputados a mais”, quaisquer que eles sejam e indiferentemente da sua origem política, que os problemas financeiros e os sacrifícios impostos aos açorianos existem e ameaçam ser acrescidos. Aliás é sempre bom relembrar que só o presidente da EDP (António Mexia), com os seus 258.333 euros/mês, e o presidente da CE da CGD (José Agostinho Matos), com os seus 119.339,10 euros/mês (fora as alcavalas) ganham quase o triplo do que ganham por mês, todos juntos, os “exageradíssimos” 57 deputados do parlamento açoriano. É por haver deputados a mais sim, mas eleitos pelo PS e PSD (aliados aos do CDS) que existem esta austeridade, as desigualdades crescentes e os sacrifícios injustos e discricionários impostos aos portugueses e duplamente aos açorianos, apesar destes últimos na sua maioria já viverem com rendimentos infinitamente abaixo da média europeia…

Nada auspiciosa esta parolice pseudo-oposicionista que o candidato único à liderança do PSD lançou para cima da mesa esta semana…

A segunda:

De igual mal (demagogia pouco responsável) padece Pedro Paulo Carvalho Silva. No seu artigo desta semana no Correio dos Açores, partindo do exemplo elogioso (que compartilho) de sobriedade e dignidade política do atual Presidente do Uruguai (antigo guerrilheiro, 14 anos preso político), que possui um património de mil e trezentos euros, não tem conta no banco, e do seu ordenado fica com uma parte mínima, entregando o resto a instituições de solidariedade, insinua que “se calhar o Tarrafal e as prisões da PIDE, no tempo de Salazar, não eram assim tão desconfortáveis pois em Portugal não se vislumbra nenhum democrata de esquerda que depois de ter passado por lá, após a revolução dos cravos” não ficasse rico!

Pedro Paulo, um presumível advogado sério, deveria saber manter essa seriedade naquilo que escreve. Eu conheço muitos portugueses que passaram pelas prisões fascistas e viveram ou vivem ainda, após o 25 de Abril de 1974, com pouco mais do salário mínimo, dedicando-se à cidadania política ativa e à causa pública e abdicando, por essa mesma causa, de boa parte do salário oficial atribuído aos cargos que ocupam e para os quais foram eleitos.

Sou até amigo muito próximo de um deles, que após o 25 de Abril foi liberto da prisão salazarista de Caxias, e que viveu dezenas de anos nas condições atrás descritas…

Se, não sendo cego, não “vislumbra nenhum desses democratas” Dr. Pedro Paulo, eu terei todo o gosto em apresentar-lhe alguns…

 

Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 12 de dezembro de 2012