Natal

jos_decq_mota_webPois é! Estamos a poucos dias do Natal e lá vão aparecendo os sinais públicos desta festa da cultura cristã, de forma quase sempre mais comedida do que há algum tempo atrás. As famílias não deixarão de cumprir muitos aspectos da tradição, agora, em muitos casos, com mais dificuldade e com menos despesa.

Os cidadãos em geral não deixarão de notar a profunda frieza de quem nos governa e a atrapalhação daqueles que, por mera obrigação, virão á televisão desejar “boas festas”, quando foram eles e só eles que condenaram milhões de portugueses a não poderem ter verdadeiras Boas Festas.

Serão muitos, crentes e não crentes, os que não deixarão de perceber durante esta festa cristã, que a alta hierarquia da Igreja Católica, calando-se, está a dar cobertura à brutal destruição em curso, nalguns países da Europa, dos direitos sociais e do padrão médio de vida atingidos na segunda metade do século XX.

A vida continuará a correr, as dificuldades tenderão a aumentar, a economia sofrerá uma ainda maior recessão, o desemprego ultrapassará quase de certeza, no final do próximo ano, os 20%. Os autores reais destas políticas não sentem nem as dificuldades, nem a incerteza do futuro, porque estão do lado que quer deliberadamente destruir as regras actuais, para instituir uma organização social ainda com mais exploração e assente num desequilíbrio abissal na distribuição da riqueza.

Fomos todos criados a considerar o Natal como a Festa da redenção, da igualdade, da bondade, da paz, porque ela assinala o nascimento de Jesus, considerado pelos cristãos como o Deus Redentor que desceu à Terra. Acontece porém, que muitos dos que se reclamam dessa Fé actuam na condução dos interesses colectivos, sempre e sempre, em total contradição com essas milenares proclamações de igualdade, bondade e paz.

 

Artigo de opinião de José Decq Mota, publicado em 16/12/2012