As fotos tiradas, via telemóvel e amplamente divulgadas da execução, por enforcamento, do ex- Presidente do Iraque, Sadam Hussein, associadas aos comentários hipócritas que esse facto gerou, são bem o exemplo deste mundo brutal, sem valores de fundo na definição de orientações. Há poucas semanas faleceu outro ex-ditador, Pinochet, que fez da brutalidade mais absurda a sua forma de governar e os mesmos que quiseram a pena de morte para um não a quiseram para este. Pessoalmente sou contra a pena de morte e acho que os criminosos, todos, devem ser condenados de acordo com os seus crimes, mas sem recurso à pena de morte. A gravidade da situação actual é que são cometidos diariamente bárbaros crimes contra a humanidade por iniciativa de Governos e Estados, que chegam ao limite de pôr cabeças a prémio, como se fazia no antigo Far West. A invasão do Iraque, a barbaridade do que se passa na Palestina, a situação no Corno d’África, os assassinatos selectivos ordenados por governos, os bombardeamentos “cirúrgicos” que matam milhares de pessoas, são, de entre outros, aspectos desgraçados do Mundo em que vivemos. Há um Chefe de Estado que diz “falar directamente com Deus”, mas não se inibe de tomar inúmeras, sangrentas e ilegais atitudes. Há um Estado, dito livre, que mantêm prisões clandestinas. Este tétrico retrato do Mundo tem que ter fim.
José Decq Mota em "Crónicas d’aquém" no Açoriano Oriental em 04 01 2007