É bom que nos entendamos com clareza: Depois de ter sido convocado o Referendo, o poder legislativo fica condicionado à decisão que dele sair. Ou ganha o Sim e a Lei da IVG será alterada, nos termos da pergunta, nem mais nem menos, ou ganha o Não e a Lei da IVG não será alterada em nada. Quando esta semana, os movimentos do Não vêem dizer que “se o Não ganhar a IVG será descriminalizada por lei” e que haverá “penalizações mas não cadeia”, esses movimentos sabem que estão simplesmente a mentir. Ganhando o Não fica tudo na mesma, como ficou desde 1998. O aborto clandestino e todas as suas sequelas continuarão. É bom que se saiba que a única forma de levar à descriminalização da IVG é dizer Sim no Referendo, autorizando assim que sejam introduzidas as alterações legais que resultam da pergunta feita no Referendo. Quando ouço gente dita responsável vir com mansas palavras, tentar manipular a vontade e inteligência das pessoas, fico profundamente revoltado. Estou, no entanto, convicto que Domingo todos seremos capazes de avaliar o que está em causa. E o que está em causa é o combate ao aborto clandestino e a defesa da dignidade da mulher. Para aí se chegar é preciso votar Sim.
José Decq Mota em “Crónicas D’Aquém” no Açoriano Oriental a 08 02 2007