Serão certamente diversas as razões deste encerramento, que atinge também outros sectores da mesma Empresa (Papelaria e Tipografia), mas não posso deixar de referir que a diminuição dos apoios oficiais à imprensa local também ajudou a tornar mais difíceis situações que já o eram. O “Correio da Horta”, após o 25 de Abril, teve períodos de alinhamento político-partidário total e obsessivo mas teve períodos, mais equilibrados, onde o pluralismo da opinião e a isenção na notícia eram bem visíveis. Como jornal local o “Correio da Horta” deu contributos importantes à defesa dos interesses próprios da parte da Região onde tinha difusão. Ver acabar um jornal açoriano é o mesmo que ver diminuir o papel, a acção e a intervenção (independentemente da linha adoptada) da imprensa regional. Se isto porventura agrada a alguns, muitos serão os que lamentam essa situação. É óbvio que os jornais locais ou de pequena dimensão têm hoje uma gama de dificuldades que são agravadas pelos custos elevados da sua produção. Mas também é verdade que os jornais locais são instrumentos muito úteis na motivação da participação das populações na vida colectiva das respectivas comunidades. A progressiva liquidação da imprensa local (diários, semanários e quinzenários) só interessa aos que olham para a sociedade desejando o seu silencio.1552
José Decq Mota em “Crónicas D’Aquém” no Açoriano Oriental a 15 02 2007