Artigo de opinião de José Decq Mota
Não tenho qualquer dúvida que a vitória do Syriza nas eleições gregas vale por si, independentemente da evolução factual que se vier a dar. Vale por si, porque desmontou a tese, construída e arreigada, de que nesta Europa capitalista só podem ganhar eleições os partidos afectos às orientações reinantes, determinadas, neste tempo de globalização dos domínios, pelo grande capital financeiro internacional associado aos Estados hegemónicos.
Independentemente do que se passar a seguir, a evolução da situação politica grega, por via das eleições, deixou claro que a União Europeia, assumida como instrumento de imposição de regressões civilizacionais e como “exército de ocupação” de uma grande parte da Europa, está, já e agora, posta em causa por um numero crescente de cidadãos de muitos Países da Europa.
A vida demonstrou que a criação deste Euro, a aprovação do tratado orçamental e muitas outras medidas tiveram sempre e sempre um único objectivo: criar condições para fazer, na Europa, uma regressão da História e um ajuste de contas brutal com as evoluções democráticas, regressão essa que inclui o domínio de uns poucos sobre todos os outros. Aqui em Portugal, como noutros países europeus, houve quem, com toda a clareza, apontasse o que se iria passar, mas foram mais os que preferiram fingir que não percebiam e se colaram aos dominadores.
Depois das eleições gregas vemos muitos desses serventuários, de palavra sonante e com mente de vendidos, comportarem-se de forma nervosa e irritada, dizendo muitos disparates, mas, no essencial, procurando demonstrar que a vontade dos Povos não é para respeitar, nem agora, nem nunca!
É possível e desejável defender-se uma Europa de cooperação, paz e progresso, onde Países soberanos cooperem, de forma organizada, tendo em vista o desenvolvimento de todos. Não é agora possível deixar de ver que esta Europa de dominadores e especuladores não é nada disso!
Canto do Capelo, 1 de Fevereiro de 2015
José Decq Mota