Artigo de opinião de José Decq Mota
Hoje de manhã, Domingo, fui ao aeroporto da Horta dizer adeus a um conjunto de altos responsáveis pela Vela nacional, que cá vieram enquadrar esse magnífico evento da FPV que foi o Campeonato de Portugal de Juvenis, que foi organizado pela ARVA e CNH e que se realizou na Horta, tendo acabado ontem.
Lá estava, com gosto, a acompanhar esses dirigentes, juízes e técnicos de Vela, quando percebi que iria haver uma recepção festiva ao avião da SATA Internacional, com direito a Rancho Folclórico, dando um carácter festivo ao início de um período deliberadamente incerto da operação dos voos directos a partir da Horta, do Pico e de Stª Maria.
A partir de hoje as “gateways” que mencionei passam a ser servidas pela SATA, com um novo sistema de serviço público desenvolvido num quadro de liberalização do transporte aéreo para as duas ilhas maiores, com um preço máximo para residentes nas viagens para Lisboa, concretizado por reembolso posterior, com vantagens para quem queira ir tomar as viagens “low cost” a outra ilha. Tudo isto, que é incerto, que é precário, que assenta numa empresa pública regional em situação económica muito difícil e sem aviões em número suficiente para os encargos assumidos, que foi negociado e montado em segredo, não prenuncia nada de bom para o futuro das viagens directas para Lisboa a partir da Horta, do Pico e de Stª Maria.
Acresce que no verão IATA deste ano a SATA anunciou, no caso da Horta, uma redução de 62 voos directos, comparando com 2014. Quanto ao próximo Inverno IATA nada se sabe. A “dança de preços” e a redução do número de voos já provocou cancelamentos de reservas para este Verão em empresas marítimo-turísticas e em hotéis. O futuro é incerto, mas é evidente que está montado um esquema de concentração de entradas e saídas por S. Miguel e, talvez, pela Terceira, que visa fechar, a médio prazo, as outras portas de entrada e saída que agora existem.
Assim sendo, porque é que o Turismo mandou um Rancho Folclórico “festejar” a chegada de hoje à Horta do avião da SATA? Para brincar connosco? Para festejar “o sucesso” desta política de desvalorização de uma parte importante da Região? Para saudar o estrangulamento que se vislumbra das potencialidades próprias do Triangulo e de Stª Maria? Para disfarçar esta politica ultra concentracionista nunca antes feita na vigência do regime autonómico?
Esta atitude das autoridades regionais, para além de ridícula é insultuosa!
Canto do Capelo, 29 de Março de 2015
José Decq Mota