Artigo de opinião de José Decq Mota
Temos, neste nosso País ferido e doente, um governo de características tais, que é capaz de suscitar, quase com a regularidade de um relógio, “casos” atrás de “casos”, todos eles ligados ou à ausência de ética, ou á vontade indisfarçável de agir fora e contra o quadro legal e constitucional que nos rege.
Temos, neste nosso País transformado em protectorado, um Presidente que, cada vez mais, se assume como primeiro defensor da orientação governativa subserviente e destruidora da capacidade de exercer e ter uma verdadeira soberania nacional.
Temos, neste nosso País desorientado e cambaleante, uma Justiça ineficaz, na qual se perdeu a confiança e que dá crescentes notas de agir com vários pesos e medidas.
Temos, neste nosso País sangrado pelos seus governantes, uma economia débil, serviços sociais em destruição, perca de direitos essenciais, manipulação constante dos cidadãos.
Vivemos, neste nosso País com mais de oitocentos anos, uma crise de tal modo profunda que se corre o risco muito sério da própria democracia política, individualmente já limitada pela comum prática de serem exercidas pressões e represálias sobre cidadãos, vir a ser ferida de forma contundente.
Perante tudo isto e a pensar nas inúmeras aldrabices e trapalhadas governativas, presidenciais, “justicialistas” e de destruição orientada da nossa vida colectiva, ocorre-me perguntar, a mim e a todos, o que é que falta para que se gere o convencimento colectivo de que é muito urgente fazer uma ruptura com as políticas que levaram a esta situação.
Queremos, como futuro para este País, ser um protectorado, trabalhar para os “protectores”, exportar o melhor que temos, incluindo a mão-de-obra, viver com regras e leis destinadas a impor uma descabelada exploração da força do trabalho, ver os serviços públicos da saúde e da educação transformados em serviços mínimos, ver os postos de trabalho transformados em lugares a preencher por “programas ocupacionais”, ver os reformados, pensionistas e idosos tratados como “mercadoria fora de prazo” e muito mais que não digo?
Canto do Capelo, 15 de Março de 2015
José Decq Mota