Artigo de opinião de Mário Abrantes
Os gregos foram chamados a pronunciar-se domingo passado sobre a Europa dos tecnocratas não eleitos e dos tratados aprovados sem consulta popular. E, numa digna e corajosa afirmação de soberania, a sua opção pela Democracia e pela rejeição dessa Europa foi clara.
Embora não sob a forma de referendo e englobando outras e importantes matérias opcionais, incluindo a opção político partidária que ditará a composição da nova Assembleia da República, a qual condicionará por sua vez a formação do próximo governo, também os portugueses se irão pronunciar já em Setembro/Outubro sobre esta Europa não-Democrática (do Tratado Orçamental, do Tratado de Lisboa ou do TTIP) comandada por tecno-burocratas, que renega a coesão e faz da execução de cortes nas políticas sociais a via preferencial de assegurar vassalagem económico-financeira a credores de uma dívida que, sendo acometida aos povos e nações da periferia, lhes é fundamentalmente alheia.
Agora é a nossa vez de julgar os executores nacionais desta orientação externa que desde há mais de 30 anos, nomeadamente a partir do governo do bloco central (PS/PSD) em 1983, mas em particular nestes últimos 5 de governo Sócrates seguido de governo Coelho/Portas, tem infernizado a vida dos portugueses, criando pobres até à casa dos milhões, e ajeitado a vida política e empresarial a compadres e cúmplices, criando ricos e fazendo-os cada vez mais ricos.
Mas agora é também a nossa vez de julgar os zelosos e afadigados promotores do falso investimento chinês, francês, angolano, americano ou brasileiro em Portugal, entregando-lhes à tripa forra e, na maior parte dos casos subvalorizadas, tudo o que são empresas estratégicas nacionais e públicas (EDP, REN, ANA, CTT, Fidelidade, os Seguros e Hospitais da Caixa e agora também a TAP e a concessão dos Transportes Públicos), fazendo o Estado em alguns casos perder milhares de milhões em dividendos futuros, e sabendo perfeitamente que, dado o seu carácter estratégico pelos bens e serviços que prestam, são empresas que nunca poderão afundar-se, já que perante tal ameaça o Estado se verá obrigado a deitar-lhes novamente a mão e a suportar os prejuízos…
É a nossa vez de julgar aqueles que fazem da mentira a sua forma de estar na política ou no governo pretendendo por exemplo, depois de penhorar quase 200.000 reformas em 2014, cortar mais 600 milhões nas pensões e reformas dos portugueses em 2016 invocando a sustentabilidade da Segurança Social, quando esta teve só em 5 meses, isto é, até Maio do ano corrente, 334 milhões de excedente (devido principalmente aos cortes no subsídio de desemprego).
É a nossa vez de julgar aqueles que além de serem responsáveis pelo crescimento da dívida pública para níveis insustentáveis, cujos juros adicionados aos encargos com as PPP são os principais causadores do défice das conta públicas, viram a cara à inevitabilidade de a renegociar, tanto em montantes, como em juros, prazos e condições de pagamento.
É a nossa vez de julgar enfim aqueles que, de bandeira portuguesa à lapela, destruíram durante 4 anos uma média de 100.000 postos de trabalho por ano e restauraram os grandes fluxos emigratórios dos anos 60/70 do século passado.
Agora nós!