Mais do que centrar as atenções na acusação ou condenação dos responsáveis pelo recuo dramático na interpretação da vontade democraticamente expressa pelo povo grego (através de referendo) de condenação do programa de austeridade de cariz impositivo e pró-colonialista imposto pelas instituições europeias, torna-se necessário tirar alguns ensinamentos do que tem acontecido com a Grécia e a UE.
O primeiro e útil ensinamento a tirar é o de que em todo este processo ficou desmascarada a profunda falsidade dos princípios da solidariedade, da coesão e do progresso social em que desde há décadas se vem dizendo que assenta esta Europa que nos têm vendido e que nos habituámos a "engolir" de forma muitas vezes acrítica. Ficou perfeitamente à vista a sua natureza anti-democrática, anti-social, ofensiva da independência e dignidade das nações e dos povos, e bloqueadora do desenvolvimento harmónico.
O segundo ensinamento é de que se tornou indisfarçável no seio desta Europa, com caráter deliberativo de facto e para lá das instituições formais como o Eurogrupo, a Comissão, o Conselho ou o Parlamento Europeu, o domínio de um ou dois países economicamente mais fortes (em particular da Alemanha e França), constituídos em diretório de comando, conjuntamente com o BCE e o FMI.
O terceiro ensinamento consiste na evidência da ligação profunda deste diretório aos interesses da oligarquia financeira transnacional, fazendo uso preferencial da submissão à moeda única e do chicote chantagista da dívida pública para, em particular sobre os países (e estados) económica e financeiramente mais débeis da União, agravar a exploração no mundo do trabalho, promover a apropriação progressiva pelo setor privado transnacional de todo o património público, económico e produtivo estratégico dos países endividados, e aumentar a concentração monopolista e capitalista, provocando o agravamento das desigualdades a todos os níveis.
O quarto ensinamento é o de que qualquer tentativa de romper com este status quo de domínio e sufoco do interesse dos povos e nações da UE, como aquela que sucedeu na Grécia, representa uma batalha desigual e extremamente difícil por se desenrolar perante uma correlação de forças muito favorável aos dominadores e aos interesses instalados, que conseguem mesmo atrair para o seu lado os dirigentes de algumas das suas próprias vítimas (como foi o vergonhoso caso do governo português). Mas nem por isso, a iniciativa solitária mas determinada de apenas uma nação e um povo, deixou de fazer tremer esta Europa. E nem por isso deixaram de quebrar-se os tabus da impossibilidade de qualquer dos países do Eurogrupo poder vir a renegociar as suas dívidas impagáveis ou sair da moeda única, encarando esta última inclusivamente com sentido libertador.
A 16 de Março de 1974 uma tentativa de levantamento militar foi derrotada pelo regime fascista, mas tal derrota não fez mais que acelerar o processo conducente a outro levantamento militar, desta vez vitorioso, que ocorreu um mês depois em 25 de Abril. O quinto ensinamento é assim a história que nos traz, e diz-nos simplesmente que adiante de batalhas perdidas, especialmente quando as causas são justas e o povo nelas se envolve, poderá estar a vitória na guerra.
O segundo ensinamento é de que se tornou indisfarçável no seio desta Europa, com caráter deliberativo de facto e para lá das instituições formais como o Eurogrupo, a Comissão, o Conselho ou o Parlamento Europeu, o domínio de um ou dois países economicamente mais fortes (em particular da Alemanha e França), constituídos em diretório de comando, conjuntamente com o BCE e o FMI.
O terceiro ensinamento consiste na evidência da ligação profunda deste diretório aos interesses da oligarquia financeira transnacional, fazendo uso preferencial da submissão à moeda única e do chicote chantagista da dívida pública para, em particular sobre os países (e estados) económica e financeiramente mais débeis da União, agravar a exploração no mundo do trabalho, promover a apropriação progressiva pelo setor privado transnacional de todo o património público, económico e produtivo estratégico dos países endividados, e aumentar a concentração monopolista e capitalista, provocando o agravamento das desigualdades a todos os níveis.
O quarto ensinamento é o de que qualquer tentativa de romper com este status quo de domínio e sufoco do interesse dos povos e nações da UE, como aquela que sucedeu na Grécia, representa uma batalha desigual e extremamente difícil por se desenrolar perante uma correlação de forças muito favorável aos dominadores e aos interesses instalados, que conseguem mesmo atrair para o seu lado os dirigentes de algumas das suas próprias vítimas (como foi o vergonhoso caso do governo português). Mas nem por isso, a iniciativa solitária mas determinada de apenas uma nação e um povo, deixou de fazer tremer esta Europa. E nem por isso deixaram de quebrar-se os tabus da impossibilidade de qualquer dos países do Eurogrupo poder vir a renegociar as suas dívidas impagáveis ou sair da moeda única, encarando esta última inclusivamente com sentido libertador.
A 16 de Março de 1974 uma tentativa de levantamento militar foi derrotada pelo regime fascista, mas tal derrota não fez mais que acelerar o processo conducente a outro levantamento militar, desta vez vitorioso, que ocorreu um mês depois em 25 de Abril. O quinto ensinamento é assim a história que nos traz, e diz-nos simplesmente que adiante de batalhas perdidas, especialmente quando as causas são justas e o povo nelas se envolve, poderá estar a vitória na guerra.
A renegociação da dívida pública portuguesa e o debate sério com vista à libertação das grilhetas impostas pela moeda única nem são tabu nem estão fora de calendário. Disso depende em grande parte um futuro com perspectivas e condições de vida dignas, com democracia, liberdade e justiça social...
Artigo de opinião de Mário Abrantes, publicado em 16 de julho de 2015