Depois de toda a pressão ilegítima, subliminar, intimidatória e chantagista que foi feita externa e internamente tanto pelos chamados mercados financeiros como pelos diversos membros do diretório da União Europeia e pelos mídía ao seu serviço com vista a atemorizar o eleitorado britânico caso optasse pela saída da União Europeia, este, apesar de tudo isso, respondeu com uma afirmação de soberania e de vontade autónoma, manifestando a intenção expressa de deixar a União.
Com a verdade dos factos em cima da mesa nem por isso se verificou a catástrofe prognosticada pelos apologistas da desgraça nem tão pouco a Europa deixou de ser a Europa. Já a Suiça e a Noruega também por referendo rejeitaram a integração e nada indica, até hoje, que tal facto os tenha de alguma forma prejudicado do ponto de vista sócio-económico. E se a União Europeia com a próxima saída do Reino Unido (com ou sem Escócia) não ficará igual, não terá sido por culpa dos britânicos, nem da sua xenofobia contra os emigrantes. Da parte do Reino Unido o que aconteceu foi um legítimo ato de soberania e democracia, rejeitando em final de contas permanecer num enquadramento supra-nacional comandado por um diretório não eleito que é responsável por um continuado sufoco daqueles dois valores e de erradas políticas geo-estratégicas e para os refugiados que, essas sim, têm alimentado fortemente em toda a Europa a xenofobia e o racismo, e têm contribuído para a desagregação da UE.
Também de Espanha, após as eleições de domingo e apesar da vitória do PP sem maioria absoluta, sopram desde dezembro passado ventos de mudança por uma outra Europa que os jornais procuraram confundir comparando resultados com sondagens em vez de resultados com resultados, falando na derrota do Podemos aliado à Esquerda Unida, quando na realidade este partido continuou a garantir a forte implantação conquistada em Dezembro e que acabou com a bipolarização no país vizinho. É justo ver na confiança atribuída a esta aliança de esquerda uma manifestação objetiva do eleitorado espanhol por maior soberania, respeito por quem trabalha e pela reabilitação dos valores democráticos no seio da UE, contra uma oligarquia dirigente toda-poderosa que abandonou os valores da coesão e da solidariedade para substituí-los pelo distanciamento dos cidadãos, pelo princípio sacralizado da supremacia dos interesses do capital financeiro sobre quaisquer outros, fazendo-os valer pelo recurso continuado às ameaças sobre os povos e à sua legítima vontade, à submissão dos países membros pela chantagem da dívida e respetivos juros, à austeridade e às sanções económicas...
É esta Europa enquanto super-estrutura que, conforme se passou com o referendo do Reino Unido ou com a reafirmação eleitoral do Podemos em Espanha, está a ser posta em causa e, quer seja pela sua eventual desagregação ou pelo possível afastamento (voluntário ou involuntário) de alguns dos seus países membros, é da mais elementar prudência que, no caso português, não sejamos surpreendidos pela subsequente desintegração da união monetária ou a saída involuntária da moeda única.
Sem temores de ameaças chantagistas, exercendo a nossa vontade soberana e democrática, e até por uma questão de simples bom-senso político, não é tarde para que no nosso país nos batamos pela renegociação da dívida pública e estejamos preparados para uma eventual saída do Euro, venha ela a consumar-se ou não.
Também de Espanha, após as eleições de domingo e apesar da vitória do PP sem maioria absoluta, sopram desde dezembro passado ventos de mudança por uma outra Europa que os jornais procuraram confundir comparando resultados com sondagens em vez de resultados com resultados, falando na derrota do Podemos aliado à Esquerda Unida, quando na realidade este partido continuou a garantir a forte implantação conquistada em Dezembro e que acabou com a bipolarização no país vizinho. É justo ver na confiança atribuída a esta aliança de esquerda uma manifestação objetiva do eleitorado espanhol por maior soberania, respeito por quem trabalha e pela reabilitação dos valores democráticos no seio da UE, contra uma oligarquia dirigente toda-poderosa que abandonou os valores da coesão e da solidariedade para substituí-los pelo distanciamento dos cidadãos, pelo princípio sacralizado da supremacia dos interesses do capital financeiro sobre quaisquer outros, fazendo-os valer pelo recurso continuado às ameaças sobre os povos e à sua legítima vontade, à submissão dos países membros pela chantagem da dívida e respetivos juros, à austeridade e às sanções económicas...
É esta Europa enquanto super-estrutura que, conforme se passou com o referendo do Reino Unido ou com a reafirmação eleitoral do Podemos em Espanha, está a ser posta em causa e, quer seja pela sua eventual desagregação ou pelo possível afastamento (voluntário ou involuntário) de alguns dos seus países membros, é da mais elementar prudência que, no caso português, não sejamos surpreendidos pela subsequente desintegração da união monetária ou a saída involuntária da moeda única.
Sem temores de ameaças chantagistas, exercendo a nossa vontade soberana e democrática, e até por uma questão de simples bom-senso político, não é tarde para que no nosso país nos batamos pela renegociação da dívida pública e estejamos preparados para uma eventual saída do Euro, venha ela a consumar-se ou não.
Sem respeito pela soberania dos estados-membros nem pela democracia no seu funcionamento, a União Europeia estará a prazo inevitavelmente condenada...
Artigo de opinião de Mário Abrantes