A acção de Álvaro Cunhal, desenvolvida no âmbito do PCP, foi essencial para o derrube do regime fascista; foi essencial para a implantação da democracia; foi essencial para a consagração das transformações democráticas que a Constituição da República Portuguesa acolheu em 1976. Dirigente político com uma dedicação sem limites, com uma preparação invulgar, com uma firmeza estratégica a toda a prova, com uma maleabilidade táctica adequada, Álvaro Cunhal marcou sobremaneira a vida social e política de todo o nosso País. Apesar do PCP e Álvaro Cunhal serem muito combatidos não haverá um único português sério que não identifique a luta de Cunhal com os interesses dos trabalhadores, do Povo e das camadas sociais injustiçadas e desfavorecidas. Essa é a grande vitória da sua luta e é a grande vitória de todos aqueles que no dia a dia persistem em combater os dogmas que sustentam o domínio dos poderosos sobre os povos. Álvaro Cunhal, lutador e resistente, criador de ideias e criador de arte, deu-se por inteiro à luta pela democracia, pela justiça social e pelo socialismo. O que sempre assustou seriamente os seus verdadeiros inimigos foi a autenticidade da sua luta totalmente ilustrada pelo despojamento de interesse pessoal que sempre a marcou. Essa herança ética é de uma enorme importância e de um enorme valor nesta época em que a tendência dominante é a de “não dar ponto sem nó”. Só pode ser com emoção que digo: Até sempre Camarada Álvaro.
José Decq Mota em “Crónicas de Aquém” no Açoriano Oriental em 16/06/05