Sinto que estão em verdadeiro estado de choque. Um presidente de Câmara após uma explosão, que os bombeiros atribuíram ao rebentamento de reservatórios de gás, afirmava, convictamente aos OCS, que a deflagração que provocou a derrocada de um edifício e a morte a duas pessoas teria sido originada pela detonação de um engenho explosivo. Será que o autarca atribui a autoria da explosão à oposição camarária? A um grupo separatista que luta pela independência da Praça dos Aliados? Ou aos fundamentalistas islâmicos? Uma ministra, por acaso responsável pela pasta da Educação, perante pronúncias diferentes de dois tribunais da mesma instância, na sua desmesurada ânsia de manipular a informação e na tentativa de desvalorizar a decisão que era adversa à sua estratégia, concedeu a independência educativa e judicial ao território onde um juiz teve a “ousadia” de contrariar a sua vontade.
A senhora ministra, mesmo contando com o apoio do responsável político da educação do território que foi objecto de concessão da independência, não teve em devida consideração que este país é um estado de direito, que a sua Constituição o define como um estado unitário e que a vontade ministerial ainda não é suficiente para alterar a lei fundamental. Ignorância ou má fé? Só uma das duas hipóteses é verdadeira (ou as duas) visto que não é aceitável a teoria da “gaffe”. Um acidente entre um avião ligeiro e um automóvel provocou 1 morto e 1 ferido grave. Neste momento decorre um inquérito para apurar o responsável pelo acidente. Terá sido o piloto da aeronave porque não descolou dentro da área de segurança, ou seja, antes de chegar ao cruzamento com a estrada onde circulava o automóvel? Ou, terá sido, o automobilista que não tomou as devidas precauções quando circulava no troço da estrada que atravessa a pista do aeródromo? Até ao momento ainda não se apurou o responsável. No entanto, sabe-se já da existência de outros cruzamentos de vias viárias com as pistas de aeródromos.
O Ministro das Finanças foi obrigado a rectificar o orçamento rectificativo um dia depois da sua apresentação na Assembleia da República. Os valores apresentados não condiziam com o Programa de Estabilidade e Crescimento que, como sabemos, é o documento com que se prevê chegar a 2009 com o défice abaixo dos 3%. Será que o titular da pasta das Finanças só sabe contabilizar chorudas reformas? Uma cidadã cabo-verdiana com uma criança de colo esperou mais de uma hora, no aeroporto da Portela, para que um taxista se mostrasse disponível a aceitar conduzi-la ao bairro da Cova da Moura. Os taxistas que anteriormente recusaram o frete não cometeram, à face da lei, nenhuma infracção. A situação é, em si mesmo, lamentável. Mas, ter a cobertura da lei!? O país ficou a saber que os habitantes de uma aldeia situada a 10Km de Lamego ainda não acederam à rede de distribuição de energia eléctrica. Infelizmente não é caso único. A propósito de rede, neste caso “net” como convém, o colunista do DN, Luís Delgado, numa das suas últimas crónicas falava da grande revolução que constituiu a Internet e das vantagens de, em pleno Alentejo, através duma ligação por satélite e com um computador portátil poder transaccionar títulos da bolsa de Nova York.
Não posso estar mais de acordo com este conceituado pensador mas, e tal como os eleitores do PS, estou em estado de choque com engenheiro e, com o estado da nação.
Lisboa, 30 de Junho de 2005 Aníbal C. Pires em “Politica” No Açoriano Oriental em 01/07/05