Quando foi feito o anúncio da iniciativa a primeira ideia que me surgiu foi a de que, finalmente, o Presidente do Governo iria iniciar um processo de rectificação positiva nas relações com os Parceiros Sociais, uma vez que, até agora o Governo quase nunca teve em conta as opiniões de tais Parceiros expressas no Conselho de Consertação Estratégica. Vendo as notícias com mais pormenor notei entretanto que o Presidente do Governo convidara para a tal reunião do Conselho do Governo apenas os representantes do patronato.
Temos assim que o Governo que, em Conselho de Consertação Estratégica, faz tábua rasa das posições e opiniões de todos os Parceiros Sociais, convida apenas os representantes do patronato para uma reunião do próprio Conselho do Governo para discutir “de forma desinibida e profunda” a economia. Tenho que concluir que o Governo e o seu Presidente entendem que o presente e o futuro da economia regional deve ser discutido apenas com o patronato, o que leva também ao entendimento de que as opiniões dos trabalhadores não tem que ser consideradas no âmbito dessas discussões. Se estivéssemos no tempo em que o Dr. Mota Amaral era Presidente do Governo Regional e o Sr. A. Natalino Viveiros o único Secretário influente, não me admiraria muito com isto. Acontece porém que César diz que não defende o neo-liberalismo económico e Duarte Ponte tem muito menos influência do que pensa, mas apesar disso, para eles, o trabalho e os trabalhadores não riscam na economia.
José Decq Mota em "Crónicas d’Aquém" No Açoriano Oriental em 08/09/05