Todo o País ficou impressionado com a grandiosa manifestação de professores que se realizou, sábado passado, em Lisboa.
É um facto inédito na nossa vida política e social haver uma classe profissional tão fortemente unida no repúdio e na contestação de uma política sectorial. Só que não se trata de uma política sectorial qualquer, mas sim daquela que é um dos pilares fundamentais da construção do futuro, a educação.
Assim sendo a contestação, por ser tão geral e tão forte, não pode deixar de ser ouvida e interpretada por quem de direito.
Os professores, de todos os cantos do País, de todas as áreas políticas, de todos os níveis de formação, de todo o tipo de escolas, vieram à rua dizer que não é possível suportar mais e mais uma política que desvaloriza o professor, que o desconsidera e que faz tábua rasa de todos os conceitos actuais ligados a um ensino público que se quer participado, livre e gerador de homens e mulheres livres e responsáveis.
Quando seguramente mais de metade de uma classe profissional tão importante como é a dos professores desce á rua, com todas as suas organizações profissionais e sindicais, só se pode concluir que a política está errada e que a equipa ministerial que a aplica (Ministra incluída naturalmente) está ultrapassada.
Espero que o Eng.º Sócrates não faça o papel daquela mãe extremosa que olhando para a parada militar em que o filho marchava com o passo trocado, concluiu que apenas o filho levava o passo certo!
Espero também que o Eng.º Sócrates seja suficientemente conhecedor da língua portuguesa para não pensar que determinação e obstinação são sinónimos.
José Decq Motta no Diário Insular em 11 de Março de 2008