Daquela visita, que se saldou, para além do reconhecimento de que nos Açores se fazem inúmeras coisas bem feitas que representam um valor acrescentado para a Região (como a exportação de proteas levada a cabo pela Fruter, ou os prémios ganhos pelos vinhos da Cooperativa dos Biscoitos na Terceira), uma série de perguntas escritas colocadas à Comissão Europeia, com vista a debelar as dificuldades relatadas por todos os que quiseram e puderam transmiti-las. De salientar, a proposta apresentada no sentido de a Comissão financiar um Programa Extraordinário de Apoio à Região com uma comparticipação financeira comunitária de cerca de 85% do custo dos projectos apresentados, com o objectivo claro de dar uma resposta urgente aos problemas económico-sociais da população açoriana, ao mesmo tempo que pretendeu inteirar-se dos apoios, ou falta deles, concedidos para reduzir os custos dos transportes das populações nas viagens inter-ilhas, bem como dos Açores para o continente. Objectivamente, todo o açoriano perceberá a pertinência destas questões, pois elas influem directamente no seu dia-a-dia, ao mesmo tempo que lhe depauperam os bolsos de cada vez que tem a necessidade de se deslocar.
Tendo em linha de conta que na Região se avolumam os problemas sociais, como recentemente dois estudos vieram confirmar numa outra perspectiva, com maior incidência no aumento do desemprego, do trabalho precário e mal pago, bem como o agravar das dificuldades dos pequenos agricultores e pescadores, muito por culpa do aumento dos custos de produção, nomeadamente no preço das rações e nas dificuldades da sua importação do continente, devido à falta de apoios, a CDU considera que a criação de tal Programa Extraordinário, financiado a 85% por fundos comunitários, seria o repor de uma injustiça pois, para além de estarmos a falar de um território dividido por nove ilhas, o que representa um enorme constrangimento para deslocação de pessoas e bens, esta região ultraperiférica apresenta especificidades próprias em cada uma das suas ínsulas, o que não se coaduna nem com programas estereotipados, nem com a falta de intervenção da própria Comissão.
Artigo de opinião de Fernando Marta, no blog "Uma palavra para o progresso"