Na sequência da queixa feita pela CDU Açores, sobre a publicação de publicidade paga pelo Partido Socialista no jornal Açoriano Oriental nas eleições europeias, à Comissão Nacional de Eleições, a Açormédia impôs a cessação da colaboração de Aníbal Pires com este jornal. Assim, em vez do pedido de desculpas que seria devido aos restantes partidos políticos, aos eleitores e aos leitores do jornal, a empresa que o gere deciciu impôr o fim da colaboração de Aníbal Pires. Pela gravidade e pelo significado da acção tomada, aqui publicamos o último artigo escrito por Aníbal Pires para este jornal, bem como a sua tomada de posição pública.
Venho por este meio tornar público que no passado 23 de Julho fui contactado, telefonicamente, por um representante da Açormédia para um encontro informal à volta de uma mesa de café, facto que não estranhei pois, ainda que não fosse muito frequente, já tinha acontecido em outros momentos, nomeadamente aqueles em que fui convidado para colaborar com uma coluna semanal no Açoriano Oriental, quer ainda para me ser endereçado o convite para integrar o painel do programa “Conversa a 4”, entretanto interrompido.
Acedi naturalmente ao convite pensando que, como também informalmente me tinha sido anunciado, finalmente tinha sido encontrada uma solução para que o “Conversa a 4” ou um outro programa radiofónico da Rádio Açores – TSF regressasse à antena lá para Setembro.
A caminho do encontro ia matutando no futuro programa de Rádio e com ideia de solicitar que a minha participação só tivesse início depois das eleições legislativas de 27 de Setembro, uma vez que me encontro directamente envolvido por encabeçar a lista da CDU pelo Círculo Eleitoral dos Açores, evitando assim quaisquer constrangimentos à Rádio Açores, aliás atitude que sempre tenho tido, ou seja, sempre que me encontro envolvido directamente em actos eleitorais suspendo, por iniciativa própria a minha colaboração nos diferentes OCS onde tenho espaço para emitir opinião, embora as minhas colaborações regulares na comunicação social tenham acontecido sempre com convites ao cidadão Aníbal C. Pires e nunca ao dirigente associativo, sindical e político. Mas manda a ética (a minha) e o bom senso que assim seja.
Para surpresa minha, o assunto que me foi colocado nada tinha a ver com as minhas cogitações, bem pelo contrário.
O anúncio caiu como um raio embora sem efeitos catastróficos na minha compostura.
- Sabes Aníbal, aquela queixa que a CDU Açores fez à Comissão Nacional de Eleições por causa do “encarte” de propaganda eleitoral do PS ao Parlamento Europeu e que foi distribuída com o Açoriano Oriental de 5 de Junho caiu muito mal no seio da “Açormédia”, ainda por cima a queixa teve provimento e a CNE vai promover uma contra-ordenação.
- Claro que tenho conhecimento da queixa, afinal sou o Coordenador Regional da CDU Açores e imagino que a “Açormédia” não esteja muito satisfeita mas… o que é que tem!? O encarte como sabemos é proibido e estranho seria que a CDU Açores deixasse que tamanha ilegalidade passasse em claro, assim como é estranho que apenas a CDU Açores tivesse apresentado queixa, mas isso diz bem da natureza e da forma de actuar de outras forças políticas.
- Pois! Em virtude disso a “Açormédia” considera que não deves continuar a fazer parte dos seus colaboradores semanais.
- Ah! Já percebi. Fui dispensado. Muito bem mas quando à 6 anos atrás fui convidado como colaborador gracioso ficou perfeitamente claro que o convite se dirigia ao cidadão. (No final de 2003 não exercia nenhum cargo político)
- Mais! Nos meus textos procurei sempre tratar assuntos diversos e evitei a banalização do assunto político/partidário, aliás coisa que nem todos os colaboradores têm em devida conta.
- Pois é! Mas… a decisão está tomada.
O encontro terminou com toda a urbanidade e perguntei se podia despedir-me dos leitores num último texto e que, posteriormente, tomaria uma posição pública sobre o assunto, enquanto cidadão pois é o cidadão que está a ser amordaçado e não o líder do PCP e da CDU Açores.
Foi-me garantida a oportunidade de um último texto quanto às posições posteriores seriam, obviamente, da minha responsabilidade e iniciativa.
Como se pode verificar na edição de hoje (27 de Julho de 2009) o compromisso de publicação de um último texto, dando-me oportunidade de me despedir dos leitores que ao longo de quase 6 anos se foram habituando à minha coluna não foi cumprido, o que deixa muito mal, em todo este processo, quem se comprometeu comigo e me assegurou que o texto seria publicado. Claro que não faltam suportes de divulgação e o texto já foi publicado no meu blogue (www.anibalpires.blogspot.com) e anexo-o a este esclarecimento público.
Os juízos de valor ficam ao critério da opinião pública por mim só direi que é uma atitude lamentável de uma empresa de comunicação social que nos habituámos a ter como referência e que enquanto colaborador e cidadão sempre mantive uma relação cordial.
Tenho consciência que a Direcção de Informação, os Editores, os Jornalistas e a generalidade dos trabalhadores são alheios a esta decisão da Açormédia, assim como são alheios à decisão de fazer o “encarte” com propaganda eleitoral do PS Açores e deixo-lhes a minha solidariedade pois, trabalhar com uma Direcção Comercial e Administração deste quilate não deve ser fácil.
Aníbal da Conceição Pires