Poderá não ter sido intencional, ou só um discurso provável (face a outras opções de circunstância), mas Carlos César não se livra de interpretações menos dignas para o seu “destabu” de uma hipotética 5ª (quinta) candidatura, quando a torna admissível em público logo a seguir à confirmação de uma importante derrota nas autárquicas dos Açores da pré-assumida adversária para 2012.
Por três razões pouco dignificantes para a sua pessoa:
1ª Porque é a admitida quinta candidatura de quem anunciou que, para si, duas bastavam, e de quem partiu a iniciativa (por razões que agora se tornam aparentemente inexplicáveis) de uma alteração estatutária que limita a 3 (três) os possíveis mandatos consecutivos da Presidência do Governo Regional;
2ª Porque parece uma hipótese só atrevidamente assumida após verificação de que as forças da pré-anunciada adversária saíram fortemente molestadas pelos resultados das eleições autárquicas;
3ª Porque põe aparentemente em dúvida o valor de outras figuras alternativas, dentro do seu partido, para o concurso das próximas eleições regionais.
Mas, por outro lado, face a resultados regionais muito pouco abonatórios da anunciada senda de vitórias consecutivas, Berta Cabral não esteve nada melhor ao proclamar perante as câmaras da RTP-Açores, sorridente, a sua vitória na autarquia de Ponta Delgada.
Por duas razões igualmente pouco dignificantes:
1ª Porque sendo a proclamação feita na qualidade de líder regional do PSD, não teve coragem de assumir a derrota autárquica e procurou virar as câmaras sobretudo para a vitória do “seu” resultado pessoal no “seu” Concelho, mesmo apesar de nesse Concelho, e perante um fraco candidato do PS, ter ficado bem abaixo da fasquia erguida em 2005;
2ª Porque, sem se aperceber talvez do seu sub-consciente desejo, paralelo ao menosprezo implícito pelos seus pares, deu a entender que se tivesse tido a capacidade (para quem acha poder trabalhar 48 horas por dia, até não vejo a dificuldade…) de estar omnipresente como candidata nos municípios onde o PSD perdeu, teria dado a volta aos resultados nesses municípios!
Muito valor parece atribuírem-se a si próprios personalidades como as que citei. Dessa ausência de humildade, no entanto, nada de saudável para a Democracia, julgo que possa ser extraído…enfim!
Ainda sobre resultados de dia 11 passado, para quem não está senhor das razões locais que permitiram ao PS, por exemplo, ver-se inesperadamente com o pássaro de Vila Franca do Campo nas mãos, será de ter em conta, em termos gerais, para ajudar à sua explicação, que 15 dias de intervalo entre duas eleições proporcionam uma maior fidelidade ao voto depositado nas primeiras? Ou como as autárquicas, por aumentarem o número de círculos eleitorais, comparativamente com outras, mais facilmente cedem à bipolarização? Neste caso, e por isso mesmo, retirando injustamente gente dedicada e de trabalho, como eram os vereadores da CDU na Câmara da Horta?