A DORAA do PCP analisou o actual momento político nacional e regional, aprovou as linhas de intervenção política, no âmbito da CDU e do PCP, para o ano de 2006 e tomou algumas decisões de direcção e organização considerando a necessidade de reforçar a intervenção política, quer do Partido quer da CDU, através dos organismos dirigentes de ilha de concelho.
1. Situação Política
As eleições presidenciais, às quais daremos o devido realce em ponto próprio, e o orçamento geral do estado, pela sua importância para o futuro próximo de Portugal, não só dominam a actualidade política nacional como fazem as manchetes dos órgãos de comunicação social. O orçamento geral do estado, apresentado pelo governo do Partido Socialista do Eng. José Sócrates, traduz a continuidade e aprofundamento das políticas de direita conduzidas por anteriores governos, alternadamente liderados pelo PS e pelo PSD, que encaminharam o país para a difícil situação económica e financeira em que se encontra o país. A responsabilidade pela actual situação deve ser assacada não aos trabalhadores sejam da administração pública ou do sector privado mas a quem, de facto, é culpado, isto é, os sucessivos governos que têm posto em prática uma política que serve, com certeza interesses, mas não serviu, aliás como está à vista de todos, os interesses nacionais. Os cortes e a diminuição do investimento público, em nome do famigerado Pacto de Estabilidade e Crescimento e do obsessivo combate ao défice público, sejam eles por via do não cumprimento da Lei de Finanças Locais e da Lei das Finanças Regionais, ou pela retracção do investimento público em áreas que são da competência estrita do estado só podem ter uma consequência – acrescentar mais crise à crise. O PS de José Sócrates ao ignorar o significado dos resultados eleitorais que em Fevereiro o levaram ao poder e, recentemente, os resultados das eleições autárquicas que, claramente, constituem indicadores da vontade popular de mudar o rumo das opções políticas neoliberais impostas pela União Europeia perde legitimidade democrática e está a contribuir para o aprofundamento da crise económica, das assimetrias regionais e a afastar-se do desejado caminho de convergência com a União Europeia.
A DORAA do PCP saúda as lutas dos trabalhadores que, assumindo diversas formas, têm sido travadas na defesa dos seus direitos e, sobretudo, na exigência de uma nova política para Portugal. A DORAA do PCP saúda e solidariza-se com a luta dos professores na defesa dos seus direitos e da sua dignidade pessoal e profissional.
A DORAA do PCP manifesta publicamente a sua solidariedade para com os seus dirigentes sindicais do SPRA vítimas de uma violenta campanha, levada a cabo pelo Governo Regional de Carlos César e executada pelo Secretário Álamo Meneses, que visa, em última instância, o seu silenciamento e desacreditação. Esta atitude prossecutória só pode ser entendida como uma manifesta e crescente dificuldade, do absolutíssimo Governo Regional, de respeito e convivência com regras democráticas o que, aliás, se começa a fazer sentir noutros sectores da sociedade açoriana. A DORAA do PCP saúda, igualmente, a luta dos trabalhadores das IPSS pela equiparação aos trabalhadores da administração pública e exorta todos os trabalhadores açorianos a participar na jornada de luta que a CGTP promove na semana de 12 a 17 de Dezembro.
A situação política regional foi, igualmente, objecto de uma profunda análise pela DORAA do PCP. A não aplicação da Lei das Finanças Regionais e os efeitos que a prazo vai produzir na diminuição do investimento público regional e consequentemente na retracção da economia da Região está a ser, na opinião do PCP Açores, encarada levianamente. Desde logo pela falta de firmeza do Governo Regional, manifestada noutros contextos, na exigência do cumprimento dos compromissos financeiros que o estado tem para com a Região e, mais preocupante ainda pela falta de rigor que denota, a inscrição de verbas no orçamento regional provenientes das transferências ao abrigo da Lei das Finanças Regionais que como é sabido não se vão efectuar. A Lei das Finanças Regionais, ainda que concebida numa perspectiva minimalista e daí a necessidade da sua revisão, representa, ainda assim, um dos mais importantes instrumentos do regime constitucional de autonomia. O não cumprimento, pelo governo de José Sócrates, constitui não só um estrangulamento financeiro mas também, e sobretudo, um forte constrangimento ao próprio sistema autonómico.
A DORAA do PCP debruçou-se sobre as questões relacionadas com a revisão da Lei Eleitoral da Região e com a Revisão do Estatuto Político e Administrativo da Região. Em ambos os casos constatam-se atrasos inexplicáveis. A proposta de revisão da Lei Eleitoral aprovada na Assembleia Legislativa Regional e a aguardar agendamento e posterior aprovação da Assembleia da República vem introduzir, como é do domínio público, as necessárias correcções à desproporcionalidade que se verifica na actual Lei. A revisão deste importante instrumento político urge e o seu inexplicável protelamento não serve os interesses regionais. É entendimento do PCP Açores que o agendamento da revisão da Lei Eleitoral não deve ser adiado por mais tempo. Assim, a DORAA vai, junto do grupo parlamentar do PCP, desenvolver os esforços necessários para que se proceda ao agendamento da revisão da Lei Eleitoral da Região com a maior brevidade. A última revisão constitucional transferiu para o poder legislativo da Região importantes competências levando o sistema autonómico a patamares há muito exigidos. No entanto, os efeitos da revisão constitucional só terão eficácia após a revisão do Estatuto Político e Administrativo da Região cuja proposta deve ser concebida pela Assembleia Legislativa e posteriormente aprovada pela Assembleia da República. A revisão do Estatuto Político e Administrativo assume uma importância determinante para o aprofundamento do sistema autonómico que a revisão constitucional consagrou.
A DORAA do PCP reafirma a sua disponibilidade para participar na discussão e contribuir para a construção de um projecto de revisão do Estatuto Político da Região que se deseja amplamente consensual e que envolva todas as forças políticas, independentemente de estarem ou não representadas na Assembleia Legislativa Regional. A DORAA do PCP considera que o projecto de Decreto Regional, vulgo “Promédia”, a ser aprovado na versão consagrada na anteproposta divulgada publicamente vai liquidar grande parte dos diários, semanários e quinzenários que se publicam por toda a Região e que constituem, nalguns casos, os únicos fóruns de discussão plural e de divulgação cultural e que, de algum modo, constituem um inestimável património da identidade regional e local. O direito dos açorianos acederem em igualdade de condições, isto é, universal e gratuitamente ao sinal das televisões nacionais está, finalmente, a ser posto em prática.
A DORAA do PCP considera, no entanto, que a condução deste processo quer por parte do Governo Regional quer por parte da empresa contratada para garantir a difusão do sinal enferma de alguns erros e confusões que urge serem resolvidos e clarificados. A DORAA do PCP exige que aos cidadãos que actualmente recebem a RTP Açores e o Canal 1 da RTP por feixe hertziano seja facultada gratuitamente o equipamento necessário para a recepção do sinal dos quatro canais nacionais e do canal regional. A DORAA do PCP Açores considera que, em nome da transparência e do rigor na utilização dos dinheiros públicos, o Governo Regional deve esclarecer, cabalmente, a opinião pública regional das obrigações dos cidadãos e quais os procedimentos que estes devem adoptar para aceder livremente ao sinal e das obrigações contratuais da empresa que difunde os sinais de televisão.
2. Eleições Presidenciais
A DORAA do PCP vem tornar público que Aníbal da Conceição Pires, Coordenador Regional do PCP Açores é o Mandatário Regional de Jerónimo Sousa. Torna-se público que no âmbito das acções de pré-campanha e campanha eleitoral o candidato presidencial Jerónimo de Sousa estará na Região no dia 6 de Janeiro.
A DORAA do PCP considera que as eleições presidenciais assumem uma importância política determinante para o futuro de Portugal e que uma forte votação na candidatura de Jerónimo Sousa, não só impedirá a “anunciada” vitória do candidato da direita mas terá, sobretudo, a significância do voto que expressa a necessidade de alterar a política direita que tem vindo a ser prosseguida por sucessivos governos liderados alternadamente pelo PSD e pelo PS e à qual, embora com responsabilidades diferentes, os candidatos Cavaco Silva, Mário Soares e Manuel Alegre estão indelevelmente ligados. Nenhuma outra candidatura assume com clareza a necessidade de profundas alterações na política nacional e internacional. Nenhuma outra candidatura assume com clareza e centralidade dada às questões sociais, às questões do trabalho, dos trabalhadores e do povo português. Nenhuma outra candidatura enuncia com clareza os princípios que devem conformar uma política de esquerda indispensável a uma vida melhor e a um Portugal com futuro. A candidatura de Jerónimo de Sousa é a candidatura da esquerda coerente e combativa fortemente vinculada aos valores de Abril. É a candidatura que incorpora a esperança, a confiança e a determinação e luta por um projecto de mudança. A natureza, os objectivos e conteúdos da candidatura de Jerónimo de Sousa são, portanto, indelegáveis.
A DORAA apela à participação empenhada de todos os militantes e simpatizantes do PCP e da CDU na campanha de esclarecimento da candidatura de Jerónimo de Sousa contribuindo para que os seus objectivos políticos sejam alcançados e que a votação em Jerónimo de Sousa se traduza na derrota da candidatura da direita, corporizada pelo ex-primeiro ministro Cavaco Silva, e num inequívoco sinal da vontade popular de alteração do rumo político que arrastou o país para a crise económica.
Ponta Delgada, 21 de Novembro de 2005 O Coordenador Regional, Aníbal C. Pires