Dizia, então José Decq Mota, no artigo ao qual deu como título – “Um lembrete”. “Lembram-se quem foi o 1º Ministro que, durante mais de 10 anos, impediu que as transferências do Estado para a Região subissem qualquer mísero escudo?” “Lembram-se quem foi o 1º Ministro que contrapôs à Autonomia uma série de medidas centralistas?” ”Lembram-se quem foi o 1º Ministro que entendeu o cargo de Ministro da República como sendo um “contra-poder” em relação ao poder regional?” “Lembram-se quem foi o 1º Ministro que sofreu contestação política firme de todos os partidos políticos com actividade na Região, incluindo daquele que era Presidente Nacional?” ”Lembram-se, numa palavra, quem foi o 1º Ministro de Portugal que maior incompreensão demonstrou em relação à Autonomia Constitucional?” “Se não se lembram então eu recordo: - Foi o 1º Ministro Aníbal Cavaco Silva, esse mesmo que agora quer ser Presidente da República.” ”Estando todos devidamente lembrados há que sublinhar que todo o voto oriundo dos Açores depositado em Cavaco Silva será um voto contra a Autonomia Constitucional, contra qualquer ideia de autonomia e a favor do mais feroz e retrógrado centralismo.” José Decq Mota faz bem ao lembrar aos açorianos quem foi Cavaco Silva como primeiro-ministro e qual a sua atitude política para com a autonomia açoriana. A tentativa de branqueamento do passado de Cavaco Silva promovida por alguma comunicação social e pela sua candidatura, é uma fraude democrática.
O professor de economia tem passado. Um passado que convém reavivar na consciência dos portugueses e, em particular dos açorianos. Gostaria de acrescentar e clarificar a posição que tenho sobre a dita, “independência” da candidatura de Cavaco Silva, que o próprio não se cansa de referir e que alguns teimam em vender. O compromisso de Cavaco Silva com a onda neoliberal, iniciada por Margareth Tatcher e Ronald Reagan, e que desde então assola o planeta como uma pandemia, retira qualquer carácter imparcial à sua candidatura, e deixa-me, legítimas, dúvidas sobre o que poderia ser a sua actuação, como Presidente da República, uma vez que a Constituição Portuguesa não é, de modo algum, compatível com as políticas económicas neoliberais que orientam e enformam o pensamento do professor de economia que se apresenta nesta candidatura presidencial como se de eleições para um governo, se tratassem.
Minhas senhoras e meus senhores, Caros amigos, A candidatura de Jerónimo de Sousa também não é uma candidatura independente, bem pelo contrário, a candidatura de Jerónimo de Sousa é uma candidatura profundamente comprometida. A diferença é que Jerónimo de Sousa não esconde os seus compromissos. Jerónimo de Sousa está comprometido com a defesa da constituição e da autonomia constitucional. Jerónimo de Sousa está comprometido com Portugal e com o povo português. A candidatura de Jerónimo de Sousa é, sobretudo, uma candidatura comprometida com a esperança, a resistência e a luta pelo futuro que queremos melhor. Meus caros amigos, Jerónimo de Sousa, ao contrário de outros candidatos, não esconde o compromisso da sua candidatura nem se encapota por detrás de falaciosas independências. Jerónimo de Sousa reafirma o seu compromisso a cada contacto, a cada debate, a cada entrevista, a cada comício, a cada convívio com apoiantes. E nenhuma outra candidatura assume com clareza a necessidade de profundas alterações na política nacional e internacional. Nenhuma outra candidatura assume com clareza e centralidade as questões sociais, as questões do trabalho, dos trabalhadores e do povo português. Nenhuma outra candidatura enuncia com clareza os princípios que devem conformar uma política de esquerda indispensável a uma vida melhor e a um Portugal com futuro. A candidatura de Jerónimo de Sousa é a candidatura da esquerda coerente, da esquerda combativa e fortemente vinculada aos valores de Abril. É a candidatura que incorpora a esperança, a confiança, a determinação e a luta por um projecto de mudança. A natureza, os objectivos e conteúdos da candidatura de Jerónimo de Sousa são, portanto, indelegáveis.
Minhas senhoras e meus senhores, Caros Amigos, Não é demais reafirmar que as eleições presidenciais assumem uma importância política determinante para o futuro de Portugal e, que uma forte votação na candidatura de Jerónimo Sousa, não só impedirá a “pré-anunciada” vitória do candidato da direita mas terá, sobretudo, a significância do voto que expressa a necessidade de alterar a política de orientação neoliberal que tem vindo a ser prosseguida por sucessivos governos liderados, alternadamente, pelo PSD e pelo PS e à qual, embora com responsabilidades, obviamente diferentes, os candidatos Cavaco Silva, Mário Soares e Manuel Alegre estão indelevelmente ligados. Uma forte votação na candidatura de Jerónimo de Sousa constituirá, assim, um importante e inequívoco sinal da vontade popular de alteração do rumo político seguido nas últimas décadas e que arrastou o país para a crise económica e social que vivemos. Viva a Região Autónoma dos Açores! Viva Portugal!
Ponta Delgada, 06 de Dezembro de 2005 O Mandatário Regional, Aníbal da Conceição Pires