Há muito que todo o processo de privatização da SATA e a estratégia para os transportes aéreos na Região estão envoltos na opacidade. Mas começa finalmente a haver alguma clareza. Mesmo que o Governo não se atreva ainda a anunciar qual é, na íntegra, o seu projeto, a realidade começa a entrar pelos olhos adentro dos picoenses.
Todas as promessas eleitorais relativas à ampliação da pista do aeroporto do Pico, bem como a continuidade das ligações diretas com o continente, e o seu reforço com mais voos, estão postas em causas. O Governo Regional PSD, CDS-PP e PPM insiste, como é claro, em querer privatizar a SATA Internacional (Azores Airlines), e já veio a declarar que, das 5 gateways que asseguram a ligação com exterior da Região, três são deficitárias (Santa Maria, Faial e Pico).
Portanto, ninguém fica a estranhar que a ampliação da pista seja posta de lado, pois é claro que o Governo Regional não está disponível para gastar milhões quando é completamente previsível que, na senda da privatização, deixará de haver ligações diretas com o continente.
Obviamente levantam-se, no Pico, vozes discordantes: há quem pergunte se foram ou não estudadas todas as opções técnicas para uma ampliação há muito tempo prometida. E há quem conteste a ideia de que voar para o Pico deva necessariamente criar prejuízos, dado que os números de passageiros desembarcaram tem vindo a aumentar consistentemente de ano para ano.
Mas o que é inegável é que a previsível tempestade na organização dos transportes aéreos, que terá um impacto tremendo na mobilidade de alguns açorianos, já está às portas: a marcha atrás relativa à ampliação da pista do Pico põe a nu a cegueira social e o extremismo liberal deste governo regional que, para privatizar tudo o que for possível, e concentrar cada vez mais toda a riqueza numa minoria de grupos económicos, não recua de decisões que põem claramente em causa o desenvolvimento global da Região, e contribuem poderosamente para o isolamento de algumas ilhas. As escolhas deste governo são absolutamente opostas àquelas que assegurariam o direito à mobilidade dos açorianos, numa Região em que os transportes aéreos e marítimos são fundamentais para a vida das pessoas e estratégicos em termos de economia.
A CDU PICO defende a SATA pública, e reafirma que é necessária e urgente uma estratégia que assegure o direito à mobilidade e aproxime as ilhas, o continente e a diáspora. Por isso é necessário ampliar a pista do aeroporto para garantir a sua operacionalidade, com vista a manter as 5 gateways existentes, porque através delas transitam não só os passageiros e as mercadorias, mas também as perspetivas de desenvolvimento e vitalidade da economia do arquipélago. É preciso, portanto, que os picoenses se unam, e exijam o que é seu direito, opondo-se à política de abandono e isolamento que o Governo Regional impõe ao Pico.
Madalena, 23 de Julho de 2024
CDU Pico