A Representação Parlamentar do PCP Açores terminou hoje mais uma visita oficial anual à ilha Graciosa. Nesta visita o PCP procurou continuar a acompanhar as dificuldades sentidas pelos graciosenses, bem como aprofundar as questões estratégicas para o desenvolvimento da ilha, bem como conhecer melhor e procurar respostas para os problemas mais imediatos da ilha Graciosa.
Assim, realizaram-se reuniões com a Administração do Hotel Graciosa e Termas do Carapacho, com a Administração da Unidade de Saúde da Ilha Graciosa, com o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, com a empresa Gracipescas, com a direção da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Graciosa e com a Associação dos Pescadores Graciosenses, bem como múltiplos outros contactos com a população.
O turismo é uma das questões mais estratégicas para o desenvolvimento da ilha Graciosa e, por isso, mereceu uma atenção especial nesta visita. Tendo a ilha um grande potencial de atração e fixação de turistas, a falta de uma marina / porto de recreio continua a ser um sério constrangimento ao desenvolvimento das atividades marítimo-turísticas, bem como agrava as dificuldades de espaço no porto da Praia. O PCP considera gravíssimo que depois de anos de promessas repetidas, o Governo Regional tenha decidido não avançar com a criação da Marina da Barra, rejeitando a proposta do PCP em sede de Plano e Orçamento. O Governo Regional trai assim a promessa feita na última campanha eleitoral aos graciosenses e continua a deixar para trás a ilha Graciosa, em favor de outras opções de investimento. O PCP irá continuar a lutar, dentro e fora do Parlamento Regional, pela concretização desta obra fundamental.
Em relação ao encerramento da atividade termal das Termas do Carapacho o PCP considera que, naturalmente, se impõe a realização urgente das obras necessárias à sua rápida reabertura. No entanto é também necessário que sejam apuradas responsabilidades em relação aos erros de conceção e execução do projeto, que colocam em causa um investimento superior a 3 milhões de Euros. O PCP apresentou um requerimento questionando o Governo no sentido de ser realizado um processo de averiguações e acionadas todas as garantias contratuais que permitam proteger o interesse público nesta matéria.
Ainda no âmbito do turismo, o PCP considera que a produção vinícola, associada à paisagem de currais de vinha, existente na Graciosa como noutras ilhas, tem de ser devidamente potenciada e valorizada, contribuindo também para criar emprego e aumentar a geração de riqueza nas nossas ilhas. O PCP Açores irá, assim, apresentar nos próximos dias no Parlamento Regional, uma iniciativa legislativa com vista a criar um regime de proteção, associado a incentivos para a recuperação e reutilização dos currais de vinha, voltando a torna-los produtivos e associando as componentes cultural, turística e agrícola para valorizar este património açoriano.
Importa ainda referir, relativamente ao centro histórico de Santa Cruz da Graciosa, que o PCP considera que a prioridade das obras de requalificação da praça central da vila deveria ter sido a recuperação dos pauis, em vez da intervenção polémica levada a cabo pela Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, que alterou profundamente as características de um dos mais belos espaços públicos de todo o arquipélago dos Açores.
Também o setor produtivo da Graciosa continua a sofrer graves problemas. Para além do atraso crónico da ampliação e modernização das instalações da Adega Cooperativa, uma obra na qual o PCP tem insistido sistematicamente e que o Governo continua a protelar, continuam a colocar-se sérios constrangimentos à atividade da pesca devido à falta de espaço no porto da Praia, problemas agravados pela degradação dos pontões de atracagem. O PCP irá questionar o Governo, insistindo na urgente recuperação e substituição destes pontões.
Na área social a Graciosa continua a sofrer de um gravíssimo desemprego e impossibilidade de fixação da sua população jovem, contribuindo para um aprofundamento da recessão e desertificação da ilha. Embora este problema esteja profundamente ligado ao rumo seguido a nível nacional, ele é também inseparável das opções políticas do Governo Regional e são o resultado de anos de desinvestimento e abandono a que os executivos socialistas têm sujeitado a Graciosa, como as restantes ilhas de menor dimensão. A ação meritória, no campo da educativo e da integração social e comunitária levada a cabo pelo movimento associativo graciosense, como no caso da valiosa atividade da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Graciosa, não podem, naturalmente, inverter esta situação, embora seja um contributo fundamental para minorar as dificuldades das camadas mais vulneráveis da população.
Também no campo da prestação de cuidados de saúde se levantam sérios problemas. As limitações e insuficiências da deslocação de alguns especialistas à ilha no âmbito do sistema público de saúde abre as portas a que exatamente os mesmos médicos se desloquem à ilha e realizem consultas a título privado, com custos muito mais elevados para os graciosenses, a quem o Governo Regional nega o direito humano básico de acesso a cuidados de saúde especializados. Esta é, para o PCP, uma situação inaceitável. A Região tem de garantir a todos os açorianos o direito à saúde.
Sendo estas apenas algumas das questões centrais levantadas ao longo da visita à ilha, o PCP reafirma o seu compromisso de continuar a levar a voz dos graciosenses ao Parlamento Regional e a lutar pela solução dos seus problemas.
O Deputado do PCP
Aníbal Pires