É urgente alterar a atitude do Governo Regional para com a ilha de São Jorge. A ausência de respostas às necessidades de quem vive na ilha - Saúde, Educação, Emprego - só poderá resultar na desertificação, demonstrando a falta de visão e de um planeamento integrado para S. Jorge.
Pelo contrário, verifica-se que a opção do Governo Regional continua a ser a da propaganda, cortando fitas em inaugurações ou anunciando escassas verbas para algumas instituições. A visita à ilha tem de servir para ser um momento de levantamento de problemas e procura de soluções, ouvindo as críticas que a sociedade civil e política apresenta.
Para a CDU/S. Jorge, a solução passará pelo investimento na melhoria dos serviços públicos, nomeadamente com a construção de um novo Centro de Saúde, pela manutenção da fábrica Santa Catarina como empresa pública regional - com um investimento que potencie a produção regional e o emprego na ilha -, ou ainda pela melhoria da oferta do transporte marítimo e aéreo.
NOTA DE IMPRENSA
Visita Estatutária do Governo Regional a São Jorge
A Comissão de Ilha de São Jorge da CDU vem por este meio apresentar algumas considerações relativamente à mais recente visita do Governo da Região Autónoma dos Açores à Ilha de São Jorge nos passados dias 15 e 16 de Janeiro.
Ano novo, nova visita do Governo do Partido Socialista a São Jorge, além do Conselho de Ilha não ter redigido um documento para apresentar ao governo regional, com sugestões, críticas e propostas no sentido de melhorar a vida dos jorgenses, observámos um comportamento que denota falhas no sentido de perceber qual o papel deste Órgão. Paralelamente, ficou-nos bem clara da parte do Governo Regional: a falta de visão, de planeamento e de organização de quem tem considerado ao longo dos anos São Jorge uma ilha de segunda.
Muito embora existam investimentos na ilha feitos pelo Governo Regional, alguns deles demonstram a falta de concepção futura. A Comissão de Ilha de São Jorge da CDU em relação ao Centro de Saúde das Velas entende uma vez mais que a solução encontrada é de curto prazo, onde em vez de projectar um Centro de Saúde novo, apto para as necessidades atuais e futuras da ilha, da população residente, mas também tendo em conta o acréscimo constante de turistas, preferiu apostar num edifício antigo que não foi projectado para ser um Centro de Saúde moderno. Sendo o edifício, inclusive, da Santa Casa da Misericórdia, o que poderia ser uma óptima alternativa, para a criação de respostas em áreas que o Concelho tem demonstrado carências, tais como no tratamento aos idosos (acamados, cuidados continuados, paliativos, etc), mas também às crianças (cresce, ATL, jardim de infância, etc). Enquanto nas obras feitas no Centro de Saúde da Calheta, apesar de se poderem vir a verificar algumas melhorias em relação ao edifício antigo, num âmbito geral não foram ouvidos os profissionais de saúde que nele trabalham o que originou com falhas graves ao nível estrutural em diversas áreas.
No que respeita à Escola da Calheta, o não atender as preocupações das populações do Concelho levou a que actualmente as obras da escola, orçada em milhões de euros, fruto mais uma vez do quero, posso e mando, um sorvedouro de dinheiros públicos em reparações e manutenções devido a infiltrações, humidades e às erradas opções construtivas encontradas.
Em relação à Santa Catarina, empresa chave e importante para a economia da Ilha e da Região, há mais de um ano que o Governo Regional anunciou uma privatização em pacote com várias empresas, sem ter em conta as especificidades da Santa Catarina, que é uma Empresa sediada numa ilha a rondar os 8500 habitantes. Claramente, uma opção neoliberal, num contexto onde posições deste teor cada vez mais originam uma maior desertificação de ilhas menos populosas e desenvolvidas. Passado mais de um ano do anúncio dessa privatização, só agora foi anunciado a criação de um caderno de encargos, o que em termos de transparência democrática e política deixa muito a desejar.
No que concerne às acessibilidades, quer marítimas quer aéreas, já muito foi dito, e mais uma vez o Governo Regional trata São Jorge sem a atenção merecida. Registando-se ligações aéreas insuficientes e a falta da ligação marítima Calheta – Angra, demonstra a visão estranguladora deste Governo onde numa tentativa de silenciar os jorgenses garantiu transporte marítimo unicamente durante o Festival de Julho e as Sanjoaninas. A Comissão de Ilha de São Jorge da CDU não alinha em transportes pontuais durante os Festivais de Verão, sendo que o desenvolvimento de uma Ilha é muito mais que 3 ou 4 dias de festas.
O silêncio por parte do Governo Regional dos Açores sobre o custo da certificação da pista do Aeródromo de São Jorge é considerado, por parte da Comissão de Ilha de São Jorge da CDU, uma omissão propositada e ofensiva. Tendo em conta que estamos numa fase em que vários voos são cancelados porque aquando do pôr-do-sol as condições atuais da pista não permite a sua aterragem, e limita, o mais importa, a evacuação de doentes em caso de urgência através da Aeronave preparada para o efeito numa altura em quem nem estamos no pico dos embarques e desembarques previstos (Verão IATA). A Comissão de Ilha de São Jorge da CDU exige saber o custo da certificação da pista do Aeródromo de São Jorge para voos nocturnos e nesse sentido a Representação Parlamentar do PCP dará entrada com um Requerimento na Assembleia Regional dos Açores.
Para a Comissão de Ilha de São Jorge da CDU é imperiosa uma atitude da parte do Governo Regional dos Açores para garantir a segurança aos residentes, a futuros residentes e aos visitantes, que só com boas condições de Saúde, Educação e Emprego poderão investir nesta ilha, onde só assim se consegue travar a desertificação e desinvestimento da mesma. Estes são alguns exemplos onde se mostra à população de São Jorge a falta de visão, para um planeamento integrado, que traduza objectivos estratégicos do Governo regional para com a ilha de São Jorge.
A Comissão de Ilha de São Jorge da CDU considera que a vinda do Governo Regional a São Jorge não pode ser unicamente para cortar fitas de projectos, que se encontram há anos em curso, ou para dar migalhas a algumas Instituições da Ilha. A vinda de um governo a São Jorge tem de ser um momento esclarecedor sobre a sua visão global da ilha e para ouvir e actuar em conformidade com as críticas que a sociedade civil e política apresenta.
A Comissão de Ilha de São Jorge da CDU