Constou no final da semana que o Senhor Ministro da Ciência teria dito
que “seria bom que as Universidades dos Açores e da Madeira se
fundissem”.
Suponho que a afirmação não foi feita em nome do Governo.
Suponho mesmo que a afirmação não terá sido feita em ambiente formal. Mas não posso ter dúvidas que o pensamento foi de algum modo expresso, dadas as reacções que ouvi em alguns Órgãos de Comunicação Social. Pensando nesta questão, quero crer que o Ministro da Ciência não mediu o que disse, pois não tenho qualquer razão para duvidar, quer do seu bom senso, quer da sua cultura histórica, social e política. O Sr. Ministro lembrar-se-á da designação “Ilhas Adjacentes” que era a forma do estado Novo meter os dois Arquipélagos no mesmo saco, retirando-os do “saco colonial” mas colocando-os à margem da realidade metropolitana? O Sr. Ministro terá deixado minar o espírito científico e a formação cultural que o caracterizam pelo economicismo estreito daqueles que são capazes de meter o Rossio no Beco do Saco só para poupar uns tostões? O Sr. Ministro esqueceu-se que as realidades próprias dos Açores e da Madeira, nos aspectos culturais, demográficos, geográficos, sociais e ambientais são substancialmente diferentes entre si? O Sr. Ministro não percebeu que a Universidade dos Açores é uma consequência essencial das “especificidades culturais e sociais” que são fundamento constitucional da Autonomia consagrada na Constituição da República Portuguesa. Espero que se trate apenas de um equivoco, embora grave!
José Decq Mota em “Crónicas D’Aquém” no Açoriano Oriental a 16/03/06
