3.º Aniversário

anibal_pires.jpgHoje, dia 20 de Março de 2006, assinala-se o 3.º aniversário do início da intervenção militar que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha desencadearam sobre o Iraque e que culminou com a sua invasão e ocupação.
Lembro que esta iniciativa foi tomada ao arrepio das Nações Unidas e do Direito Internacional e que os argumentos com que publicamente “justificaram” e tentaram “legitimar” a intervenção perante a opinião pública mundial caíram muito antes de Bagdad e de Saddam Hussein. Ainda o processo que conduz as forças ocupantes ao que os Iraquianos designam pela “estrada para o inferno” está longe de chegar ao seu termo, que será, inevitavelmente, a derrota do ocupante e a libertação do Iraque e já uma nova tragédia mundial se anuncia. A intenção de os Estados Unidos desencadearem uma nova “guerra preventiva” leia-se, terrorismo de estado, contra um estado soberano, neste caso o Irão, não sendo nova, tem nos últimos meses assumido contornos preocupantes. E, sejamos claros, ainda só não aconteceu, porque o exército dos Estados Unidos está atolado no Afeganistão e no Iraque e, como se sabe, os bombardeamentos sem a consequente ocupação terrestre não têm grande significado militar. O adiamento da intervenção no Irão deve-se a esta incapacidade prática das forças armadas Estado-Unidenses.
 
Mas isto não faz desistir a administração do senhor Bush, que já começou a desenhar um cenário de intervenção com recurso a armas nucleares tácticas. A questão Iraniana é tanto mais preocupante, não só pela hipótese real da utilização, pelos Estados Unidos de armas nucleares tácticas, mas também porque, uma vez mais, o que motiva um eventual ataque ao Irão não é o seu “dossier” nuclear mas a ameaça à hegemonia do dólar pela anunciada criação de uma Bolsa de Petróleo em Teerão que pretende cotar o petróleo em euros.
 
Aníbal C. Pires, In Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 20 de Março de 2006